Hoje, pensando na minha vida, cheguei à conclusão que deixei de fazer muitas coisas, mas mesmo muitas, por causa do medo. Sei que já escrevi sobre isto, mas a criação de um novo projeto fez-me rever todos os outros que comecei e não acabei; não porque não queria fazê-los, mas porque tinha medo de tudo o que eles iam causar na minha vida.
E depois, seguindo a linha de pensamento, vi que também o pensar, o tentar controlar, o querer que as coisas sejam à minha maneira, despoletam o medo.
Às vezes olho para as outras pessoas e vejo-as fazer coisas que eu tenho medo e penso “quem me dera conseguir fazer aquilo sem medo”.
Lá está penso. Depois sinto-me culpada e fico ainda com mais medo. E mais culpa. E mais medo, até não aguentar mais.
A minha primeira reflexão teve como título “Falar bonito?” e o texto de hoje não é mesmo sobre falar bonito.
Se melhorei um pouco relativamente ao medo? Sim, melhorei, mas a tendência é sempre remediar. Melhoro um pouco, estou atenta aos meus pensamentos, e acho que já estou bem. Quando acho que já estou bem, é como assumir que não tenho mais nada para melhorar, deixo de estar atenta e volto aos mesmos padrões de sempre.
Tem sido um trabalho diário, ou melhor, um trabalho de segundo a segundo, pois cada vez mais estou consciente do que é deixar o medo “ganhar”.
Não é fácil admitir que tenho medo, e ontem também não tinha muita vontade de ”admitir” que quase me deixei levar por pensamentos “negativos”. Mas também esconder de nada serve.
Posso mandar o pó para debaixo do tapete, como fiz até hoje. Mas chega o dia da limpeza e o pó está lá à minha espera, depois de vários anos acumulado. Chega a altura da descoberta do medo.
E olhem que o medo é um pó extremamente “complicado” de limpar!
Obrigado por este dia cheio de descobertas.
Até amanhã!
Ângela Barnabé