Ontem escrevi sobre relações e sobre como a minha autoestima influencia a forma como me relaciono com os outros e comigo mesma. Uma boa autoestima pressupõe uma ausência, ou pelo menos, o mínimo possível de julgamento em relação a mim mesma e consequentemente em relação às pessoas que me rodeiam.
Sem julgamento existe uma aceitação plena daquilo que acontece, daquilo que sou, penso ou faço e dos outros; das ações, dos comportamentos e de tudo o que possa ser observado e sentido em relação àqueles que vivem junto a mim.
Este conceito de não julgamento, que é substituído por aceitação, é algo urgente de ser aplicado, mas também é algo que requer treino diário.
A forma como eu fui educada, que é semelhante à de muitos outros, formatou-me para o julgamento. Sempre encarei os outros com uma postura de análise, para ler as intenções e a maneira de ser de cada um.
Sendo que também fui educada para a crença de que o mundo é um lugar perigoso, no qual todos tentam tirar partido dos outros, esse comportamento de observação a que aqueles que se cruzavam comigo eram sujeitos estava carregado de preconceitos e claro nenhum deles beneficiava a imagem de ninguém.
Tendo em mente que aquilo em que eu me foco e aquilo que irradio é aquilo que eu vou colher, não é de admirar que a maioria das pessoas que conhecia acabavam por tentar tirar partido de mim. Mas não é bem aí que quero chegar hoje.
Quem sou eu para julgar, rotular ou analisar quem quer que seja? Como é que eu, repleta de preconceitos, com uma visão embaciada por filtros e por uma vontade de ver tudo à minha maneira, posso querer dar algum veredicto sobre alguém ou alguma coisa?
A única coisa que eu posso e realmente devo fazer é aceitar plenamente cada pessoa, começando por mim mesma.
Aceitar não é concordar, não é tolerar, nem tentar impor qualquer tipo de mudança no outro na esperança de o melhorar.
Aceitar é olhar para cada pessoa com uma visão limpa, agindo sempre em harmonia com o mundo onde quero viver e que, aos poucos, com as mudanças que vou concretizando em mim mesma, crio e alimento.
Quanto mais substituo o julgamento por aceitação, mais vejo o quão ignorante é querer julgar o que quer que seja e mais fico maravilhada com aquilo que existe para lá da cortina dos conceitos pré-concebidos e rótulos que fui criando ao longo dos anos.
Grata por este dia em que tive a oportunidade de treinar a aceitação,
Ângela Barnabé