A aprendizagem não equivale a ter conhecimentos.
A aprendizagem passou a ser demasiado identificada com o ter conhecimentos, mas é o oposto disso. Quanto mais conhecimentos uma pessoa tem, menos capaz é de aprender. Daí as crianças serem mais capazes de aprender do que os adultos. E se os adultos também quiserem manter a atitude de aprendizagem, têm de continuar a esclarecer aquilo que aprenderam. Têm de continuar a deixar morrer o que para eles se tornou conhecimento. Se coleccionarmos conhecimentos, o nosso espaço interior fica demasiado sobrecarregado com o passado. Acumulamos demasiado lixo.
A aprendizagem só acontece quando há espaço para isso. A criança tem esse espaço, essa inocência. A beleza da criança reside no facto de funcionar a partir do estado de não-conhecimento, e é esse o segredo fundamental da aprendizagem: funcionar a partir do estado de não-conhecimento.
Olhe, veja, observe, mas nunca tire uma conclusão. Quando se chega a uma conclusão, a aprendizagem pára. Se já sabe, que mais há a aprender? Nunca funcione a partir da resposta feita tirada das escrituras, das universidades, dos professores, dos pais ou da sua própria experiência.
Tudo o que conhece tem de ser descartado a favor da aprendizagem. Então, continuará a crescer, então o crescimento não tem fim. Então, uma pessoa mantém-se como as crianças, inocente, cheia de deslumbramento e temor respeitoso até ao fim. Mesmo que esteja a morrer, continua a aprender. Aprende a vida e aprende a morte. E a pessoa que aprendeu a vida e aprendeu a morte vai além das duas; passa para o transcendente.
A aprendizagem é receptividade e vulnerabilidade. A aprendizagem é abertura, não conclusão.
Osho, in O livro da criança