
Talvez por usar máscaras; por não confiar em mim; por ter deixado esmorecer a chama do sonho e do entusiasmo pela vida; ou por me ter desresponsabilizado e ter perdido o comando da minha vida, nunca sequer pensei seguir um projeto com base naquilo que acreditava, naquilo que me apaixonava.
Não me lembro de sonhar com nada para além de ir para a universidade, arranjar um emprego, casar e ter filhos. Isso por um lado entristece-me, mas por outro alegra-me porque sei que a vontade de sonhar pode ser reavivada a qualquer momento.
Ir para a universidade, um objetivo que outrora fez sentido para mim, era nada mais nada menos, do que aprender a desempenhar um papel num sistema do qual iria fazer parte.
Um emprego, um casamento, filhos, nada disso me poderia fazer sentir realização pessoal. Como me posso sentir realizada no mundo da competição e da sobrevivência? Como posso esperar que o meu companheiro ou os meus filhos preencham uma lacuna que só eu posso preencher?
Hoje, a chama do entusiasmo e da criação de um projeto “meu” está a ficar cada vez mais forte. Pode ser ainda um pouco frágil, devido à dúvida e à insegurança, mas está lá a aquecer-me o coração.
Se eu pudesse dizer algo à Ângela do passado, àquela rapariga insegura, dizia-lhe com toda a certeza “Faças aquilo que fizeres, segue sempre o que acreditas.”
Independentemente do resultado que tiver, nunca haverá espaço para a culpa, para o medo ou para a dúvida, se fizer aquilo que acredito.
Não interessa se daqui a dois anos, dois meses ou dois minutos aquilo que eu acredito mude. O que interessa é que neste preciso momento, no único momento que existe, o agora, me deixo guiar por essa chama, que dentro de mim brilha, à espera de ser alimentada por sonhos, objetivos e sobretudo amor.
Obrigado por este dia, cheio de oportunidades.
Até amanhã!
Ângela Barnabé