12º Artigo da série “As Aventuras de uma Míope“
Quando conheci o António, ele dizia-me frequentemente que todas as doenças tinham recuperação. Lembro-me algumas vezes das conversas que tínhamos e principalmente da minha resistência a novos conceitos e a uma forma diferente de ver a vida. Acho que só tivemos uma conversa “séria” acerca da miopia, quando eu própria admiti esta minha limitação.
Não é que eu não estive ciente da minha falta de visão; bastava tentar ver algo ao longe que via bem o problema. A questão estava no facto de eu não admitir que eu era responsável pelo meu problema de visão.
Comecei a ler o livro “Melhore a sua Visão”, achei muito interessante, mas depressa desisti de aprofundar o assunto.
Posso dizer-vos que me “agarrei” ao processo de melhoria de visão, não porque estava decidida a mudar, mas porque necessitava de ver bem sem óculos para realizar as tarefas do dia-a-dia, tais como conduzir, orientar-me numa multidão estando sozinha, orientar-me no supermercado, etc… O tomar consciência do papel que eu desempenho na minha falta de clareza veio um pouco mais tarde.
Fazer exercícios oculares, relaxamentos, etc, ajudou-me muito, mas a visão turva começou a clarear quando comecei a ligar a forma como via a vida e a forma como a minha visão melhorava ou piorava. Por exemplo, ao acordar a minha visão estava mais clara do que quando me ia deitar, à noite.
À medida que avanço no programa de melhoria de visão conheço-me melhor e de certa forma compreendo melhor os meus processos mentais. Enquanto puder remediar, enquanto avistar um atalho, nunca vou realmente à raiz do problema.
A miopia não é uma doença fatal e uns simples óculos resolvem o problema, não é? Uns relaxamentos oculares melhoram a visão, não é?
Mas e a verdadeira causa da miopia? E todos os conceitos que causaram a miopia e que me impedem de viver a vida ao máximo?
Se uma área da minha vida não flui, não estou bem. A miopia não é diferente da diabetes, do cancro, nem de uma adição. É uma “doença” e só depois de a ver como tal fui capaz de decidir que queria resolver o problema. Se calhar essa decisão ainda não foi tomada, pois ainda não vejo claramente, mas com todo este processo também aprendi que apenas vemos aquilo que conseguimos conceber e a partir do momento que tomamos ação os véus começam a cair e a visão a clarear.
Ângela Barnabé