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5º Artigo da série “As Aventuras de uma Míope

Não ver bem não é agradável.

Usar óculos é desconfortável, pouco prático e não é uma solução. Assim como as lentes de contacto, que apesar de serem um pouco mais práticas, não vão fazer-nos ver bem.

Mas se prestarmos atenção o que é mais desagradável é no fundo o que causa o próprio problema de visão.

Eu não nasci míope, portanto via com clareza e deixei de o fazer. Se existe neste momento algo no meu corpo que não funciona correctamente, significa que há algo na minha consciência que está a fazer isso acontecer. E se o resultado é mal-estar a causa não poderá ser bem-estar, não é?

Quando me apercebi da minha miopia entrei em negação a esse mesmo problema. Não é que o meu estado “normal” não fosse a negação, mas a adicionar a tudo o que já ocorria, arranjei ainda mais um mal-estar.

Penso que até hoje ainda não aprendi a ser míope. Não aprendi a viver com a minha miopia.

A miopia não é considerada uma doença (penso eu), mas eu vejo-a como isso mesmo. Uma doença crónica progressiva. Sem cura, mas com recuperação.

Eu vou ser míope até morrer. Vou ter todas as características que tenho agora até morrer. Porque fazem parte de mim. Mas eu posso mudar. Posso escolher as características que transformam a minha vida em algo mais agradável e deixar ir as que me causam sofrimento.

É quase como que passar para um mundo paralelo. A Ângela Míope fica num mundo que continua a “crescer”, continuando a “ver” as coisas da mesma forma. A Ângela Míope em Recuperação passa para um outro mundo, “vendo” as coisas de outra forma, melhorando a sua visão a cada dia que passa.

A qualquer momento a Ângela Míope em Recuperação pode encontrar-se com a outra Ângela e nesse momento as coisas voltam a ser como eram antes, mas ainda piores. Mas se a Ângela Míope em Recuperação não for para o mundo antigo, ela ficará sempre melhor a cada dia que passa.

Muitas vezes dou por mim a resistir à minha condição de míope, e tenho a certeza que não vejo claramente agora porque não me permito. Porque deixo a Ângela Míope dominar em vez de deixar a Ângela em Recuperação tomar o leme.

É um processo simples mas não muito fácil: gerir as situações, mudar padrões, amar-me e aceitar-me…

Se eu não tivesse escolha, se tivesse em estado terminal, talvez nem sequer deixava a Ângela Míope entrar em plano, pois ela tinha-me levado a esse mesmo estado.

Mas a miopia não é fatal e por isso ainda me deixo andar. Andar mal claro…

Mas vou aprendendo.

Afinal, estou cá para aprender e para usufruir das experiências, não é?


Ângela Barnabé

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