Cada um de nós tem a sua forma de vi(ver) a vida. E, não é novidade, que isso influencia a postura em relação ao que acontece e também a forma como tudo se desenrola.
Eu era uma pessoa muito complicada, com uma visão muito rígida. Escrevo “era” porque hoje sinto que essa parte de mim já diminuiu e foi tomada por alguém que simplifica as situações e que é mais flexível no dia-a-dia.
Mas o facto de ser complicada, fazia com que estivesse sempre a criar complicações. Problemas eram constantes e as soluções nunca eram boas o suficiente. Começar algo novo era uma frustração, porque onde uns viam oportunidades, eu só via obstáculos.
Com esta “visão” da vida, como é que eu poderia querer ver bem? Como é que eu queria conseguir vislumbrar os detalhes daquilo que estava longe de mim, quando tudo o que estivesse à frente e no futuro era sinónimo de preocupação e medo?
Se me perguntarem qual foi uma das maiores mudanças que o processo de recuperação da miopia me trouxe, foi o poder viver a vida de uma forma bem mais descomplicada. É tão bom estar focada nas soluções! É tão bom poder viver com mais espontaneidade, sem planos que tentem prever tudo de mal que pode acontecer.
Lembro-me que ao início, sempre que alguma situação mais “problemática” surgia, eu entrava em desespero e ficava facilmente abalada. Pensava logo no pior… Hoje, na grande maioria das vezes, sou a primeira a procurar soluções e a ver o crescimento que as situações me trazem.
É fantástico como uma nova forma de vi(ver) pode transformar a vida e a visão!
Uma das minhas preocupações desde que eu me lembro é o sentimento de inadequação que sentia constantemente. Fosse em casa ou na escola, na infância e adolescência ou na minha vida profissional e pessoal, já em adulta, o sentir que não fazia parte, a necessidade de tentar adaptar-me para me sentir bem e para que gostassem de mim, acompanhava-me sempre.
Esta semana estava a refletir sobre a relação que tenho atualmente comigo mesma e cheguei à conclusão de que nunca me senti tão bem. E perguntei-me? O que é que eu fiz para que ocorresse toda esta transformação? Correndo o risco de ser um pouco cliché, afirmo que a cada dia que passa sou cada vez mais genuína comigo mesma.
Isto é o resultado de todo um trabalho realizado ao longo de quase 12 anos de transformação. Não foi algo que aconteceu de um dia para outro e se eu pudesse falar com o meu “eu” do passado e lhe pudesse dar algumas sugestões baseadas na minha experiência e no que sei hoje, dir-lhe-ia que é mais importante aquilo que sinto em relação a mim do que o que os outros pensam de mim. Eu sei que a minha tendência sempre foi querer agradar e muitas vezes fingir ser o que não sou para que gostem de mim. Mas se for genuína com aquilo que sou, encontrarei quem gosta realmente de mim. E mais importante do que isso, eu gostarei genuinamente de mim em todos os momentos e sentir-me-ei sempre a fazer parte. Citando um slogan, que penso ser da Matinal: “Se eu não gostar de mim, quem gostará?”.
Aliás, sempre que alguém demonstrava afeto e carinho por mim, eu sentia-me uma fraude, ou porque aquilo que eu demonstrava não era genuíno, ou porque, uma vez que não gostava de mim, não me sentia merecedora de qualquer tipo de amor.
Não quero com isto dizer que não tenho momentos em que todas estas tendências vêm à tona e que me sinto novamente em resistência àquilo que sou. Mas, a cada dia que passa, torna-se cada vez mais natural o bem-estar.
Só temos esta vida para viver e a escolha de nos sentirmos bem está nas nossas mãos. Às vezes a decisão de ficarmos bem connosco leva a mudanças radicais e a um grande caos (é algo que eu própria experienciei). Mas, no final tudo se encaixa e tudo faz sentido.
Uma das coisas que eu tenho reparado é que muitas vezes aquilo que eu afirmo e que procuro ter presente na minha mente não coincide com o que estou a sentir. Claro que quando estamos a passar por um processo de mudança, algo que na minha vida acontece de uma forma contínua, é normal que, numa fase inicial, aquilo que queremos ver materializado não é aquilo que sentimos. O processo de mudança serve para isso mesmo; mudar.
Quando, por exemplo, comecei a ter como intenção ser uma pessoa mais segura, na maior parte das vezes em que afirmava segurança para mim mesma, interiormente, sentia-me imensamente insegura. Mas à medida que fui procurando sentir essa segurança, cada vez mais aquilo que eu afirmava ficava em sintonia com o que eu sentia.
Mas, onde quero chegar com isto? No exemplo que eu dei acima ao reconhecer a minha insegurança e colocar uma ação para que pudesse mudar, estava a caminhar para a transformação.
No entanto, e é nesse sentido que estou a escrever esta intenção, se eu resistir ao que estou a sentir e tentar mascarar isso com o que supostamente quero criar, estou a perpetuar esse mesmo sentimento.
Portanto, nesta semana quero estar mais atenta ao que sinto para que possa reconhecer e aceitar e a partir desse lugar de aceitação, possa dar início à transformação.
Uma das coisas que me tem feito repensar sobre a forma com que lido com o que me acontece é a reflexão que sou um pouco de tudo o que vivi.
E não digo isto numa “onda” de vitimização em que me sinto moldada pelas experiências e em que atribuo a responsabilidade sobre aquilo que sinto ou faço às circunstâncias em me encontro e encontrei envolvida.
É mais num tomar consciência que é a forma como lido com que acontece, seja com amor ou com medo, falta ou abundância, fluxo ou resistência, que dita como tudo se desenrola e que vai moldando a minha forma de ser.
Por exemplo, se perante uma dada situação eu escolho reagir com resistência ao que está a acontecer, para além de estar a criar sofrimento e ansiedade naquele momento, estou também a alimentar dentro de mim essa faceta.
Agora, se perante essa mesma situação eu escolho agir com amor, para além de fazer com que tudo flua, estou também a alimentar o amor dentro de mim e a permitir que esse “lado” se desenvolva.
Talvez em vez de dizer que sou um pouco de tudo o que vivi, seja mais correto dizer que hoje sou resultado de todas as escolhas que fiz ao longo da minha vida. Escolhas em relação à forma como agi, como me relacionei e como me vi.
E como tudo é uma escolha e estou sempre a tempo de escolher mudar, se aquilo que sou hoje não está em sintonia com o que quero ser a partir de hoje, posso sempre escolher reciclar-me e mudar.
No seguimento do “Diário de uma Nova Visão”, decidi revisitar alguns temas sobre os quais escrevi n”As Aventuras de uma Míope”.
Na altura abordei a questão se a miopia seria um problema ou uma bênção. Apesar de ter sido uma reflexão um pouco vaga, a verdade é que já nesse momento tinha consciência que a miopia, o meu “problema” de visão, era na verdade uma bênção.
Citando o que escrevi em 2017:
“Quantas coisas aprendi devido à miopia? Quantas mudanças foi possível realizar devido à minha falta de clareza? Quão bonito é um processo de recuperação? Quão fantástica é a metamorfose de uma pessoa fechada, rígida e resistente, para uma pessoa que flui, amorosa e que, acima de tudo, que se ama?
O processo de melhoria ainda não acabou e já “vejo” todas estas bênçãos. No fundo, as coisas são o que nós “vemos”. A nossa postura altera tudo.”
Hoje tenho plena certeza que a minha limitação de visão foi aquilo que mais impulsionou o meu processo de mudança.
As aprendizagens que a miopia me proporcionou foram imensas. Aliás foi através dessas aprendizagens que sou quem sou hoje. Mas algo que eu posso destacar é que está nas minhas mãos toda e qualquer mudança que eu queira realizar.
O processo de melhoria de visão tem sido algo mais do que físico. Ver de uma forma cada vez mais clara e puder libertar-me das “muletas” que são os óculos foi fantástico.
Mas mais fantástico que isso é sentir-me cada dia mais livre; livre da grande resistência à vida que fazia parte constante do meu dia-a-dia e que me impedia de me sentir feliz e realizada; livre de pensamentos autocríticos que, a cada dia que passava, me faziam sentir pior e cada vez menos merecedora de amor.
Livre do medo do mundo que me rodeia; livre da desconfiança constante e de um estado de sobrevivência, em que sentia que tudo podia correr mal a qualquer momento.
A miopia mostrou-me aquilo que eu precisava mudar e a partir daí foi como uma bola de neve; quanto mais aspetos mudava e melhorava, melhor eu me queria sentir.
Sinto-me imensamente orgulhosa da pessoa que sou hoje. Reconheço que tenho ainda aspectos a melhorar, como é óbvio, mas nunca poderia imaginar que algum dia me podia sentir tão bem como me sinto hoje.
E nunca poderia imaginar que um problema tão grande como a miopia, se tornaria numa bênção tão grande como uma vida nova.
Desde que iniciei o meu processo de mudança que tomei consciência da importância de estar em gratidão. É algo em que eu me foco diariamente, mas observando a minha vida, sinto que não estou a agradecer o suficiente.
O que é que eu quero dizer com isto? Olhando para as diferentes áreas da minha vida, consigo identificar acontecimentos que são resultado da falta de gratidão. Isto significa que, apesar de eu estar focada nisso, existem momentos em que não é isso que estou a irradiar.
É fácil agradecer quando tudo está a fluir, quando as coisas correm da forma como eu penso ser a melhor. Mas quando aparentemente o fluxo é diferente, a tendência é esquecer a gratidão e muitas vezes entrar em vitimização ou em culpa.
A minha visão não é ampla o suficiente para saber qual é a melhor forma das coisas acontecerem. Então, em vez de julgar e rotular o que está a acontecer ou sentir-me culpada, porque se a minha realidade é criada por mim, então estou a criar coisas que não quero, penso que será bem mais inteligente agradecer e sair da postura de resistência, que só perpetua a realidade que eu não quero criar.
Portanto, esta semana a minha intenção é colocar como prioridade máxima estar em gratidão; independentemente do que possa estar a acontecer ou que eu possa estar a sentir, sei que a chave para tudo se transformar é agradecer.
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