Muitas vezes me apercebo que fico à espera de estar preparada. Quero que algo aconteça, sei que tenho que pôr ação para que tudo seja posto em movimento e se encaminhe, mas detenho-me, à espera…
Vem a tentativa de controlar, vem o perfecionismo e eu fico embalada naquilo, sem nunca dar o primeiro passo.
O que é engraçado é que a vida é perfeita e sabe bem das minhas intenções. De repente, sem que eu me aperceba, aquilo que quero vem parar às minhas mãos e eu tenho que agir, sentindo-me ou não preparada.
Se eu resistir a isso, procurando preparar-me e duvidando das minhas capacidades, e não confiando no fluxo e processo da vida, as coisas passam por mim e eu não poderei usufruir de nada, nem aprenderei nada com a situação.
Mas se eu aceitar todo esse processo, tudo parece magia. As coisas fluem e o “preparo” que eu esperava e que sempre esteve comigo, aparece por detrás do véu da dúvida e permite-me usufruir de todas as experiências.
Se pensar em todas as oportunidades que apareceram na minha vida, sempre que eu dei o primeiro passo em relação a elas, tudo se desenrolou e as ferramentas que eu precisava surgiram.
Não houve nenhum momento em que eu não tivesse a capacidade de lidar com o que quer que seja que me fosse apresentado. Existiram sim momentos, em que eu não confiei em mim e que desisti, com medo de não conseguir seguir em frente com os meus projetos.
Ainda existem momentos em que eu sou dura comigo mesma e me questiono se estou preparada. Mas isso só acontece quando eu penso em vez de deixar fluir.
Quando no dia-a-dia o movimento da vida é visível, quando eu consigo observar o fluxo e a forma como as coisas se desenrolam é fácil estar bem e confiar. Mas quando as coisas estão aparentemente paradas e quando até me deparo com situações que julgo ser menos agradáveis, manter uma postura de confiança pode ser mais desafiante.
Se em algum
momento, por muito que eu pense que estou bem, alguma situação “mexer comigo” e
me “faça” reagir, a verdade é que no fundo aquele “bem-estar” era apenas uma
máscara.
Os acontecimentos servem para me mostrar aquilo que eu estou a escolher criar, aquilo que preciso limpar e aquilo que está dentro de mim.
Se eu estou a
reagir aos acontecimentos, se apesar de afirmar que confio e que agradeço, na
hora da “verdade” continuo da maneira de sempre, a mudança ainda não está
completa.
É verdade que é com o treino que vou aprendendo a confiar e que vou largando aquilo a que me agarrei durante tanto tempo. A primeira tendência é fazer como sempre fiz.
Mas quando tenho
uma ação que não está em harmonia com aquilo que eu quero criar na minha vida,
em vez de me desresponsabilizar ou de me culpar, tenho apenas que limpar e ter
consciência que aquilo ainda está dentro de mim.
Se apesar da primeira tendência, eu escolher agir em conformidade com aquilo que faz mais sentido para mim no momento, estarei a contribuir para me libertar da tendência e a dar mais um passo na construção de uma mudança.
Se eu largar e me entregar completamente à vida, a mudança é simples e rápida. Mas como eu ainda estou apegada a conceitos, nem sempre a transformação ocorre dessa maneira.
Dou por mim muitas vezes a pensar na forma como as coisas acontecerão no futuro. Será que tudo se irá desenrolar da maneira que eu espero e que consigo conceber, ou será que serei surpreendida pela vida, como acontece na maioria das vezes?
A verdade é que eu
tenho uma visão bastante limitada da realidade. Todos os conceitos aos quais eu
ainda me agarro não me permitem ver todas as possibilidades e aquelas que me
permite ver acabam por estar toldadas por julgamentos.
Pensar na forma como as coisas acontecem não é muito inteligente, porque tudo acontece sempre da melhor maneira.
É muito mais
importante pôr ação e procurar sentir-me bem em todos os momentos. Ao pensar em
algo, ao conceber uma possibilidade, eu estou a trazer isso mesmo para a minha
realidade.
Sendo que a minha visão é limitada, por muito boa que seja a minha intenção e por muito bom que seja o resultado que eu imagino, nunca terei a certeza que as coisas correrão da melhor maneira possível.
O tempo que perco
a pensar o futuro posso usá-lo para criar coisas no presente. Posso usá-lo a
apreciar as bênçãos que tenho disponíveis, a valorizar cada acontecimento.
Em vez de escolher reagir ao que está a acontecer porque os resultados não se enquadram naquilo que imaginei, posso escolher agir consoante aquilo que está a acontecer no momento e confiar que tudo aquilo que eu preciso vem ter comigo, no momento certo.
Dentro da minha visão limitada da realidade não consigo conceber todas as possibilidades de acontecimentos. Coisas aparentemente sem solução ou com uma solução bem complicada têm inúmeras possibilidades de resolução bem simples e eu na maioria das vezes não as consigo ver.
Aquilo que parece bem, aquilo que eu sempre quis e que coloco
como objetivo na minha vida , pode, de entre todas as possibilidades que
existem, não ser o melhor que me pode acontecer.
As possibilidades que eu consigo conceber estão condicionadas a conceitos em relação à vida, a mim mesma e ao mundo que me rodeia.
Se eu apenas me limitasse àquilo que consigo imaginar e conceber
não teria feito 1% daquilo que fiz nestes últimos cinco anos.
Viver e apreciar a vida não se trata de controlar o curso dos acontecimentos nem de ficar apegada a determinados objetivos. Trata-se de fazer o que é preciso no momento que é preciso e de aproveitar aquilo que me vai sendo apresentado.
É preciso pôr ação constantemente; movimentar ideias que surgem, deixar-me guiar por aquilo que estou inspirada a fazer e confiar que aquilo que eu preciso vem até mim, sempre.
A tendência para ficar agarrada a ideias e a conceitos ainda
existe, mas quando me deparo com isso reflito naquilo que a resistência e o controlo
me trouxeram.
Fizeram-me sentir bem? Permitiram-me criar harmonia e uma vida cada vez melhor? A reposta é sempre não e a solução é não perder tempo com aquilo que não me faz bem.
Tudo é possível. Basta sair do meu próprio caminho, confiar no percurso e apreciar todas as bênçãos que me são trazidas de maneiras que nunca poderia conceber.
Posso afirmar com toda a certeza que a vida dá muitas voltas. E apesar de muitas vezes eu pensar que essas voltas são ao acaso, a verdade é que tudo acontece por um motivo.
Nunca poderia imaginar algum dia estar onde estou neste momento, com a vida que tenho, sendo a pessoa que sou.
No percurso que me trouxe até aqui duvidei muitas vezes da perfeição da vida, criando situações que poderiam ter sido facilmente evitadas. Mas olhando para trás vejo que tudo o que aconteceu teve uma razão para isso.
É certo que no meio de tantas complicações, sempre havia um caminho mais fácil para percorrer. Que no meio de tanta ansiedade e preocupação poderia ter havido mais confiança no fluxo e processo da vida.
Mas tudo isso trouxe-me aprendizagens. Não poderia estar aqui a escrever, admirando a forma como as coisas acontecem se não estivesse experienciado isso em primeira mão.
Isso hoje permite-me olhar para a vida de uma outra perspectiva e quem sabe ajuda-me a confiar mais e julgar menos.
A vida dá muitas voltas e quando menos esperamos tudo muda. As coisas passam e ficamos apenas com aquilo que usufruímos e valorizamos.
Talvez o meu percurso seja uma forma de me alertar para a efemeridade da vida e para o facto de eu passar a maior parte do meu tempo ( e talvez mesmo todo) a dormir, inconsciente para aquilo que me rodeia.
Como já escrevi algumas vezes, tem sido cada vez mais fácil aperceber-me que aquilo que eu vejo como problemático é sempre uma perspectiva criada na minha mente.
Lidar com as situações, encontrar soluções para “problemas” e aprender com aquilo que vai acontecendo não é difícil. Basta descomplicar e confiar que tudo acontece por um motivo.
Mas quando em vez de me focar naquilo que quero, crio cenários mirabolantes na minha mente, que abordam os meus medos e aquilo que não quero que aconteça, as coisas complicam-se um bocadinho.
Porque às vezes ainda me permito navegar pelos mares daquilo que ainda não aconteceu, alimentando “filmes” em que a tragédia é a protagonista e acabo por transportar para o meu dia-a-dia emoções que apenas contribuem para a criação daquilo que não quero.
Felizmente “caiu-me a ficha” e permiti-me ver quanto tempo eu neste processo.
Tendo em conta o quão curta é a vida, o quão grande é o meu papel criador na minha realidade e quanta responsabilidade eu tenho para a criação de um mundo melhor, não é nada inteligente usar o meu tempo com “complicações”.
Se há algo que eu possa ter aprendido nos últimos anos é que tudo corre sempre pelo melhor.
Às vezes no meu do caos das aparências, isso pode não ser percetível. Mesmo passado algum tempo eu posso não ver que o que aconteceu foi o melhor. Mas no encaixar das peças que compõem a minha vida, até hoje, não aconteceu nada que não fizesse sentido.
Posso tentar ter as coisas à minha maneira; sentir-me ansiosa e não confiar na vida; mas depois de toda a “poeira baixar” é claro que toda aquela confusão se passou na minha cabeça e que na verdade tudo fluiria se eu não complicasse.
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