As relações desempenham um papel muito importante na vida de qualquer um. Apesar de cada pessoa ter a sua importância na sua individualidade, é na união de projetos e sonhos, é no percorrer da caminhada em conjunto que se cria algo melhor e mais rico.
Portanto, a forma como eu me relaciono com os outros vai
interferir naquilo que eu posso vir a criar na minha vida.
Eu tinha a crença de que o mundo era um lugar perigoso; daí
tinha medo das pessoas, porque nunca sabia o que elas me poderiam trazer. Agia
sempre desconfiando das pessoas, o que me impedia de me entregar seja em que
relação fosse.
Tinha medo de ser julgada e queria que todos gostassem de
mim, portanto criava uma imagem que pudesse agradar aos outros, nunca me
permitindo ser eu mesma.
Tudo aquilo que eu acreditava em relação ao mundo, impedia-me de vê-lo com os olhos de uma criança que, com expectativa, encara as infinitas possibilidades de uma nova aventura. Eu via tudo com uma perspetiva obscura, que não me permitia sequer conhecer-me a mim mesma e explorar todas as minhas capacidades.
Jogar pelo seguro não me traz nada daquilo que eu realmente
procuro. Por detrás do lidar com as situações está o meu crescimento pessoal.
Por detrás de lidar com os medos está a satisfação de sentir que sou capaz de
fazer aquilo que concebo na minha mente.
Há que dar um passo para fora da minha bolha. Há que confiar e saber que o mundo é um reflexo de mim mesma e que o primeiro passo para criar uma boa relação com os outros é criando uma relação comigo mesma.
Com cada experiência que acontece no meu dia-a-dia eu posso escolher aprender algo. E, tendo em conta a ideia de que a vida me traz aquilo que eu preciso para crescer, é fácil ver que tudo acontece por um motivo.
Muitas vezes, deixo-me levar pelas aparências e julgo aquilo
que está a acontecer, não vendo a situação como algo que tem a missão despertar
algo que eu preciso para levar a vida de uma forma mais satisfatória.
Quando as coisas correm “bem”, ou seja, quando aquilo que acontece
está dentro dos parâmetros do que eu considero positivo é fácil aprender a
lição. Mas quando as coisas fogem daquilo que eu espero e me deparo com algo
novo e aparentemente “mau”, a situação muda de figura.
Algo que eu tenho vindo a treinar ( e que é bastante urgente) é em primeiro lugar deixar de rotular as situações como “boas” e “más” e ver tudo sem julgamento, nem preconceito. Depois, para além disso é sair do meu próprio caminho e deixar de pensar que eu é que sei como as coisas devem correr.
Nos últimos dois meses fiz uma “experiência”. Encarei cada situação como aquilo que eu precisava (pelo menos fi-lo durante o máximo de tempo que consegui). Depois em alguns momentos, a tendência para julgar veio e deparei-me com uma postura ansiosa, de quem quer controlar e ter as coisas à sua maneira.
A diferença foi enorme. Quando vi tudo o que acontecia como aquilo que eu precisava, independentemente do que acontecesse, fosse algo novo ou algo que eu já conhecia e que evitava devido ao medo, tudo fluía e retirava sempre uma aprendizagem da situação.
Quando julgava, tudo parecia correr mal e sentia sempre que
podia ter feito mais e melhor. Duvidava de mim e da capacidade da vida de me
trazer aquilo que contribuía para o meu crescimento.
Resumindo tudo isto: cheguei à conclusão que cada passo é uma aprendizagem. Enquanto confiei aprendi aquilo que a vida me queria mostrar. Quando deixei de confiar aprendi que não sei nada e que estou cá para aprender.
Estou satisfeita com o resultado desta “experiência”, porque obtive dela uma grande lição: a minha postura é aquilo que faz tudo fluir e quanto mais segura e confiante na vida estiver, melhor poderei aproveitar cada momento.
Quando se tem uma mente treinada para estar focada no que não deve, é importante treiná-la para que se foque naquilo que realmente interessa. E para isso é muito importante estar atenta àquilo com o qual ela se vem mantendo ocupada.
Com os conceitos que fui criando da vida, a estabilidade era uma meta a alcançar porque só ela poderia impedir que ansiedade acontecesse. Como é que eu podia estar relaxada e confiante quando tudo estava sempre a mudar? As coisas tinham que ser programadas e tudo tinha que acontecer dentro aquilo que eu esperava.
Mas a verdade é que eu estava bem enganada. Quanto mais procurava a estabilidade e me fechava à mudança constante que acontecia “lá fora”, mais ansiosa estava e mais medo tinha de me lançar no corrupio de acontecimentos do dia-a-dia.
Tive que despertar para a realidade de que tudo aquilo que
vale a pena viver, tudo aquilo que eu sempre quis alcançar está no meio de todo
aquele aparente caos de acontecimentos que eu não consigo controlar. Está no
resolver uma situação e ter que lidar com uma visão diferente do mundo. Está no
desconhecido, fora da bolha que eu criei para me proteger.
E para que eu possa mergulhar de cabeça e aproveitar tudo aquilo que acontece, tenho que estar sempre atenta à minha mente.
Não posso deixar que pensamentos de dúvida surjam e que em
vez de confiar em mim e no fluxo das coisas, ocupe o meu tempo preocupada com aquilo
que pode vir a acontecer.
Não posso permitir que o julgamento tolde a minha visão e
que a minha mente crie rótulos daquilo que vai acontecendo, impedindo-me de
retirar o melhor de cada situação.
Não posso nem quero permitir que cada dia seja mais um dia
passado com medo e com baixa autoestima.
Quero sim que cada dia seja visto como mais um infinito número de possibilidades para ser feliz, para me sentir realizada e para agradecer cada pequeno passo nesta caminhada que é a vida.
Grata por este dia repleto por motivos para estar atenta,
Por muito que eu pense que tenho uma ideia do que é bom para mim, a verdade é que a minha consciência ainda se encontra limitada e que não é possível, neste momento, ter uma visão ampla das coisas que me trarão benefício.
Se analisar a forma como ajo, o que penso diariamente e aquilo que vou sentindo, consigo identificar diversos momentos em que não me encontro em sintonia com o processo e fluxo da vida.
Procuro adiar passos fundamentais para o meu crescimento; alimento medos e inseguranças e ainda dou espaço à dúvida; e uma parte de mim ainda procura realização em coisas exterior.
Ao enumerar tudo isto não me sinto mal com estes comportamentos, porque sei que a mudança ocorre através de um processo e é preciso treinar no dia-a-dia a criação de novos comportamentos, mas não posso negar que tudo isto afeta as minhas escolhas e o meu discernimento.
Então como é que eu posso guiar a minha vida se não estou na condição de escolher o que é melhor para mim?
A resposta para esta pergunta é confiar. Confiar que aquilo que vem até mim é aquilo que eu realmente preciso.
Algo que preciso para melhorar algum aspeto em mim, para aprender alguma lição ou até mesmo para aprimorar o meu estado de forma a poder usufruir ao máximo daquilo que são os meus objetivos.
Não é importante buscar o motivo pelo qual as coisas acontecem na minha vida, nem procurar qual é o benefício que posso tirar da situação. Isso é voltar ao ponto de partida.
Tem que haver uma entrega e uma certeza de que o que acontece é o melhor para mim e ainda que eu não saiba muito bem o que algo me está a trazer, agir em sintonia com a realidade que quero experienciar.
Se me quero sentir mais segura, devo agir com segurança. Se quero criar um mundo de amor, tenho que ter o amor em conta quando ajo. Se quero ser uma pessoa melhor, tenho que procurar permitir a melhoria em cada momento, em cada situação.
Se for analisar alguns aspetos da minha vida e as mudanças que tenho que efetuar para que as coisas fluam, existem determinadas situações com as quais eu tenho que lidar e que eu quero ao máximo adiar ( e até mesmo evitar).
Com o passar do tempo tenho vindo a notar que por muito que eu tente adiar o passar por determinadas experiências, mais cedo ou mais tarde sou “confrontada” com o ter que lidar com isso mesmo.
Antes encarava isto como um castigo, pensando que uma vez que tinha evitado passar pela situação, agora tinha que passar por ela à força e com um grau de dificuldade maior.
Mas vendo hoje as coisas de uma perspetiva diferente, o facto de ser “confrontada” novamente com a situação é uma forma de a vida me dar uma nova oportunidade para crescer, agora com uma maturidade diferente.
Resolver a situação à primeira é o ideal, mas tendo uma nova oportunidade, por muito desconfortável que seja ter que lidar com aquilo que quero evitar, é uma maneira de desatar nós, estando com uma postura diferente.
Dou muitas vezes por mim a rir quando observo que aquilo que tanto evitava está em frente a mim, sem qualquer hipótese de ser evitado. Ao mesmo tempo sinto uma gratidão tão grande pela vida por ela, mesmo com a minha resistência, me dar a oportunidade de resolver as situações.
O que dita o grau de dificuldade do resolver uma situação é a minha postura. Se eu aceitar e confiar, tudo flui. Se eu resistir, verei diante de mim um grande problema.
Posso tentar adiar o crescimento, mas a vida sempre me impulsionará para a frente, para uma versão cada vez melhor de mim mesma.
Muitas vezes dou por mim a pensar nas possibilidades daquilo que poderia ter num dado momento. Reflito nas minhas ações, nas minhas decisões e penso: “se eu queria algo diferente, porque é que eu não fui mais clara naquilo que pretendia?”.
Porque é que em vez de ter andado à deriva, não me sentei e não refleti naquilo que realmente queria experienciar?
Para saber para onde ir, que ações tomar e que rumo seguir, tenho que, para além de saber onde estou, saber para onde quero ir.
É verdade que a vida me encaminha sempre para aquilo que é melhor para mim, para aquilo que eu realmente preciso para o meu crescimento, mas se eu, a pessoa que tem o comando da minha vida, não sei qual é o rumo que quero seguir, como é que eu posso querer alcançar os meus objetivos?
Se andar atrás do que não quero apenas conseguirei fracassos. Se me deixar andar perderei toda a paixão pela vida e pelo constante crescimento pessoal…
Tenho que saber o quero. Sem medo do fracasso, sem dúvida se conseguirei alcançar os meus objetivos.
Se eu quero realmente algo e se isso for o melhor para mim, no momento certo serei presenteada com isso mesmo. Se não for o melhor para mim, serei encaminhada para outro percurso onde encontrarei aquilo que está em harmonia comigo.
Tenho que saber o que quero, pôr ação, largar e confiar que o Universo encarregar-se-á de tudo o que é necessário para trazer até mim o melhor.
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