by Ângela Barnabé | Jul 3, 2017 | Osho
Então, qual é o caminho para o saber?
A admiração. Deixe que o seu coração dance maravilhado. Encha-se de admiração: pulse com ela, inspire-a, expire-a. Por que ter tanta pressa para conseguir a resposta? Você não pode deixar que o mistério continue sendo um mistério?
Eu sei que é grande a tentação para não deixar que ele continue sendo um mistério, para reduzi-lo a um conhecimento. Por que existe essa tentação? Porque, quando você se encontra repleto de conhecimento, está no controlo.
O mistério controlará você, o conhecimento o deixará no controlo. O mistério o possuirá. Você não pode possuir o mistério: ele é vasto demais e as suas mãos são muito pequenas. Ele é tão infinito que você não pode possuí-lo. Tem que ser possuído por ele — e esse é o seu medo.
Você pode possuir e controlar o conhecimento, ele é tão trivial… Essa tentação da mente de reduzir toda maravilha, todo mistério, a uma pergunta é pautada basicamente pelo medo.
Temos receio do que é extraordinário na vida, desta incrível existência. Estamos amedrontados. Por causa desse medo, criamos alguns pequenos conhecimentos à nossa volta como uma proteção, como uma armadura, uma defesa.
Só os covardes reduzem a meras perguntas a capacidade incrivelmente valiosa de se maravilhar. A pessoa realmente valente, corajosa, deixa as coisas como são. Em vez de transformar a maravilha em uma pergunta, ela mergulha no mistério. Em vez de tentar controlá-lo, ela deixa que o mistério a possua.
A partir do estado de admiração, existem dois caminhos. Um é o do questionamento — o caminho errado. Ele leva-o a acumular cada vez mais conhecimento. O outro é não questionar, mas deleitar-se. Deleite-se com a maravilha que é a vida, a maravilha que é a existência, as maravilhas que são o sol, a luz do sol e as árvores banhadas com seus raios dourados.
Viva a admiração. Não coloque depois dela um ponto de interrogação. Deixe-a ser como é.
“Arte pela arte”, dizem por aí. Pode ser que sim, pode ser que não — não sou artista.
Mas posso dizer a você: a vida é só para ser vivida. Cada momento vale por si mesmo. Sacrificá-lo em nome de outra coisa é falta de inteligência. E depois que o hábito de sacrificar se instala, você passa a sacrificar este momento pelo seguinte, o seguinte pelo que vem depois e assim por diante — este ano pelo seguinte, esta vida pela seguinte! Trata-se de um processo simples e lógico: depois que você deu o primeiro passo, inicia toda a jornada — a jornada que o leva a um deserto estéril, jornada que é autodestrutiva e suicida.
Viva o momento pelo alegre prazer de vivê-lo. Viva sem o sentimento de dever, sem imposições, sem obrigações, sem mandamentos. Você não está aqui para ser um mártir: está aqui para aproveitar a vida ao máximo.
E a única maneira de viver, amar e ter prazer é esquecer o futuro. Ele não existe. Se você conseguir esquecer o futuro, se puder ver que ele não existe, não há por que se preparar constantemente para ele.
No momento em que o futuro é deixado de lado, o passado passa a ser irrelevante por si só. Nós carregamos o passado de modo a poder usá-lo no futuro. Do contrário, por que carregaríamos o passado? É desnecessário. Se não existe futuro, para quê carregar o conhecimento que o passado lhe proporcionou? Trata-se de um fardo que acabará com o prazer da jornada.
E deixe-me lembrá-lo de que se trata de uma pura jornada. A vida é uma peregrinação para lugar nenhum — de nenhum lugar para lugar nenhum. E entre esses dois pontos está o aqui e agora. O lugar nenhum consiste em duas palavras: aqui e agora.
In Faça o seu Coração Vibrar de Osho
Composto e postado por Ângela Barnabé
by Ângela Barnabé | Jun 5, 2017 | Osho
“Segundo a minha visão de educação, a vida não devia ser encarada como uma luta pela sobrevivência; a vida devia ser encarada como uma celebração. A vida não devia ser apenas competição, mas devia ser também alegria. Música, dança, poesia e pintura, e tudo o que há no mundo – a educação devia preparar-nos para nos sintonizarmos com isso: com as árvores e os pássaros, com o Céu, o Sol e a Lua.
E a educação devia preparar-nos para sermos nós próprios. Neste momento, prepara-nos para sermos imitadores; ensina-nos a ser como os outros. Isso é deseducação. A verdadeira educação ensina-nos a sermos nós próprios, a sermos autênticos. Cada um de nós é único. Não há ninguém como nós, nunca houve nem haverá. Isso revela um enorme respeito da parte da Natureza. É essa a nossa glória, o facto de sermos únicos. Não se torne imitador, não se torne fotocópia.
Porém, é isso o que a sua dita educação continua a fazer: cria fotocópias; destrói o seu rosto original. A palavra “educação” tem dois significados, e ambos são belos. Um dos significados é bem conhecido, embora nunca seja posto em prática: tirar algo de nós.
“Educação” significa tirar cá para fora o que está dentro de nós, concretizar o nosso potencial, como quando se tira água de um poço.
No entanto, não é isto que se faz. Antes pelo contrário, despejam- lhe coisas para dentro, em vez de as tirarem de dentro de si. Geografia, história, ciências e matemática continuam a ser despejadas para dentro de si. Você torna-se um papagaio. Tratam-no como um computador; tal como dão informação aos computadores, fazem o mesmo consigo. As suas instituições educativas são lugares onde lhe enfiam coisas para dentro da cabeça.
A verdadeira educação constituirá em revelar o que está escondido dentro de si – o tesouro que a existência depositou dentro de si. Descobri-lo, revelá-lo, torná-lo luminoso.
E outro significado do termo, que é ainda mais profundo: “educação” deriva da palavra ” educare”; significa levar da escuridão para a luz. Um sentido importantíssimo: levar da escuridão para a luz.
O Homem vive na escuridão, no inconsciente – e pode ficar cheio de luz. A. chama está lá, é preciso que a acendam. A consciência está lá, mas tem de ser despertada. O Homem tem tudo, trouxe tudo consigo; mas a ideia de nos termos tornado homens única e simplesmente por termos um corpo humano é errada, e essa ideia tem sido a causa de imenso mal praticado ao longo dos séculos.
O ser humano nasce como uma oportunidade, como um ensejo. E poucas pessoas o concretizam: um Jesus, um Buda, um Maomé, um Bahaudin. Muito poucos homens, poucos e distanciados, se tornam verdadeiramente homens – quando ficam cheios de luz e a escuridão desaparece, quando não há inconsciência a pairar algures na nossa alma, quando tudo é luz, quando somos apenas consciência. Então, a vida é uma bênção.”
Osho, in O livro da criança
by Ângela Barnabé | Mai 29, 2017 | Crianças, Osho
A aprendizagem não equivale a ter conhecimentos.
A aprendizagem passou a ser demasiado identificada com o ter conhecimentos, mas é o oposto disso. Quanto mais conhecimentos uma pessoa tem, menos capaz é de aprender. Daí as crianças serem mais capazes de aprender do que os adultos. E se os adultos também quiserem manter a atitude de aprendizagem, têm de continuar a esclarecer aquilo que aprenderam. Têm de continuar a deixar morrer o que para eles se tornou conhecimento. Se coleccionarmos conhecimentos, o nosso espaço interior fica demasiado sobrecarregado com o passado. Acumulamos demasiado lixo.
A aprendizagem só acontece quando há espaço para isso. A criança tem esse espaço, essa inocência. A beleza da criança reside no facto de funcionar a partir do estado de não-conhecimento, e é esse o segredo fundamental da aprendizagem: funcionar a partir do estado de não-conhecimento.
Olhe, veja, observe, mas nunca tire uma conclusão. Quando se chega a uma conclusão, a aprendizagem pára. Se já sabe, que mais há a aprender? Nunca funcione a partir da resposta feita tirada das escrituras, das universidades, dos professores, dos pais ou da sua própria experiência.
Tudo o que conhece tem de ser descartado a favor da aprendizagem. Então, continuará a crescer, então o crescimento não tem fim. Então, uma pessoa mantém-se como as crianças, inocente, cheia de deslumbramento e temor respeitoso até ao fim. Mesmo que esteja a morrer, continua a aprender. Aprende a vida e aprende a morte. E a pessoa que aprendeu a vida e aprendeu a morte vai além das duas; passa para o transcendente.
A aprendizagem é receptividade e vulnerabilidade. A aprendizagem é abertura, não conclusão.
Osho, in O livro da criança
by Ângela Barnabé | Mai 10, 2017 | Osho
“A função de um pai ou de uma mãe é importante porque estão a trazer um novo convidado para o mundo – que não sabe nada, mas que traz algum potencial dentro de si. E, a menos que o seu potencial cresça, vai continuar infeliz.
Nenhum pai gosta de pensar que os seus filhos continuam infelizes; querem que eles sejam felizes. É apenas o seu pensamento que está errado. Pensam que se eles se tornarem médicos, professores, engenheiros, cientistas, então serão felizes Eles não sabem! Só podem ser felizes se se tornarem aquilo que estão destinados a tornar-se. Só se podem tornar na semente que transportam dentro de si.
Por isso, ajude de todas as formas possíveis a dar liberdade, a dar oportunidades. Geralmente, se uma criança pergunta uma coisa a uma mãe, esta, sem sequer ouvir a criança, ou o que ela está a perguntar, diz simplesmente que não. “Não” é uma palavra autoritária; “sim” não é. É por isso que nem o pai nem a mãe nem qualquer figura de autoridade quer dizer que sim – a nada.
A criança quer ir brincar lá fora: “Não!” A criança quer sair enquanto está a chover e quer dançar à chuva: “Não! Vais constipar-te”. Uma constipação não é um cancro, mas uma criança que foi proibida de dançar à chuva, e que nunca mais pôde dançar, perdeu algo extraordinário, algo verdadeiramente bonito. Uma constipação teria valido a pena – e não tem necessariamente de ficar constipada. Na verdade, quanto mais a proteger mais vulnerável ela se tornará. Quanto mais concessões lhe fizer mais imune se tornará.
Os pais têm de aprender a dizer sim. Nas noventa e nove vezes em que dizem habitualmente que não fazem-no apenas para demonstrar autoridade. Nem todas as pessoas podem tornar-se o presidente de um país, não podem ter autoridade sobre milhões de pessoas. Mas todos podem tornar-se marido, podem ter autoridade sobre a sua mulher; cada mulher pode tornar-se mãe, pode ter autoridade sobre a criança; cada criança pode ter um urso de peluche e ter autoridade sobre o urso de peluche… atirá-lo aos pontapés de um lado para o outro, dar-lhe umas palmadas, palmadas que na verdade queria dar à mãe ou ao pai. E o pobre urso de peluche não tem ninguém abaixo dele.
Vivemos numa sociedade autoritária. O que estou a dizer é que se criarmos crianças que têm liberdade, que ouviram,”sim” e raramente ouviram “não” a sociedade autoritária vai desaparecer. Teremos uma sociedade mais humana.
Logo, não se trata apenas das crianças. Essas crianças vão tornar-se a sociedade de amanhã: a criança é o pai do homem.”
Osho, in Fama, Fortuna e Ambição
by Ângela Barnabé | Mar 21, 2017 | Dinheiro, Osho
“Eu respeito o dinheiro.O dinheiro é uma das maiores invenções do homem. Mas é apenas um meio. Apenas os idiotas o condenam; talvez tivessem inveja porque os outros tinham dinheiro e eles não. A sua inveja era o motivo por trás da condenação.
O dinheiro nada mais é do que uma forma científica de trocar coisas. Antes de existir dinheiro, as pessoas tinham grandes dificuldades. Existia um sistema de trocas diretas em todo o mundo. Tinha uma vaca e queria comprar um cavalo. Isso ia ser a tarefa de toda uma vida… Tinha de encontrar um homem que quisesse vender um cavalo e que quisesse comprar uma vaca. É um trabalho tão difícil…! Pode encontrar pessoas que tenham cavalos, mas que não estejam interessadas em compras vacas. Pode encontrar pessoas que estejam interessadas em comprar vacas, mas que não tenham cavalos.
Era essa a situação antes de o dinheiro existir. Naturalmente, as pessoas estavam condenadas a ser pobres: não podiam vender coisas, não podiam comprar coisas. Era um trabalho muito difícil e o dinheiro tornou-o muito simples. O homem que queria vender a vaca não tinha de procurar um homem que quisesse vender o seu cavalo. Podia simplesmente vender a vaca, pegar no dinheiro e encontrar um homem que quisesse vender um cavalo, mas que não estivesse interessado numa vaca.
Quando o dinheiro se tornou um meio de troca, o sistema de trocas diretas desapareceu do mundo. O dinheiro prestou um grande serviço à humanidade. E como as pessoas se tornaram capazes de comprar e de vender, naturalmente que se tornaram cada vez mais ricas.
É preciso entender isto. Quanto mais o dinheiro circular, mais dinheiro temos. Por exemplo, se eu tiver um dólar comigo… E apenas um exemplo porque não tenho; não trago nem um cêntimo comigo. Nem sequer tenho bolsos…! Às veres preocupo-me, pois, se tiver um dólar, onde vou guardá-lo?
Mas se, por exemplo, eu tiver um dólar e continuar a guardá-lo para mim, então nesta sala haverá apenas um dólar. Mas se comprar uma coisa e o dólar passar para outra pessoa, fico com o valor do dólar – algo que vou apreciar. Não é possível comer o dólar. Como pode apreciá-lo se apenas o guarda? Só o pode apreciar se o gastar. Eu aprecio; o dólar chega a outra pessoa. Agora, se a outra pessoa o guardar, então haverá apenas dois dólares – um de que eu já desfrutei e um que está com aquele avarento que está a guardá-lo.
Mas se ninguém se apegai: e todos fizerem o dólar circular o mais depressa possível, se houver três mil pessoas terão sido usados e apreciados três mil dólares. É apenas uma única rodada.
Se fizermos mais rodadas, haverá mais dólares. Nada entra; na verdade, há apenas um dólar, mas através do próprio movimento esse dólar continua a multiplicar-se.
É por isso que quando falamos em dinheiro falamos em “circulação”. Deve ser uma corrente – é esse o significado que lhe atribuo, não sei qual é o significado para os outros. Não devíamos guardá-lo. No momento em que o obtiver, gaste-o.
Não perca tempo porque nesse tempo todo está a impedir que o dólar cresça, que se torne mais e mais.
O dinheiro é uma invenção extraordinária. Torna as pessoas mais ricas, torna as pessoas capazes de terem coisas que não têm agora.
(…)
Abandone todas as ideias que lhe foram impostas sobre o dinheiro. Respeite-o.
Crie riqueza, porque apenas depois de criar riqueza é que muitas outras dimensões se abrem para si. Para o homem pobre, as portas estão todas fechadas.
Quero que as pessoas sejam o mais ricas possível, que se sintam o mais confortáveis possível.”
Osho, in Fama, Fortuna e Ambição
by Ângela Barnabé | Ago 24, 2016 | Osho
“Toda a gente tem medo da intimidade — ter ou não ter consciência desse medo é outra história. A intimidade significa expor-se perante um estranho — e todos nós somos estranhos; ninguém conhece ninguém. Somos mesmo estranhos a nós próprios, porque não sabemos quem somos.
A intimidade aproxima-o de um estranho. Tem de deixar cair todas as suas defesas; só assim a intimidade é possível. E o seu medo é que se deixar cair todas as suas defesas, todas as suas máscaras, quem sabe o que o estranho lhe poderá fazer. Todos nós andamos a esconder mil e uma coisas, não só dos outros mas de nós próprios, porque fomos criados por uma humanidade doente com toda a espécie de repressões, inibições e tabus. E o medo é que, com alguém que seja um estranho — e não importa se se viveu com a pessoa durante trinta ou quarenta anos; a estranheza nunca desaparece —, parece mais seguro manter uma ligeira defesa, uma pequena distância, porque alguém se poderá aproveitar das suas fraquezas, da sua fragilidade, da sua vulnerabilidade.
Toda a gente tem medo da intimidade. O problema torna-se mais complicado porque toda a gente quer intimidade. Toda a gente quer intimidade porque, de outro modo, está sozinho neste Universo — sem um amigo, sem um amante, sem ninguém em quem confiar, sem ninguém a quem abrir todas as suas feridas. E as feridas não saram se não forem abertas.”
Osho, in ‘Intimidade’