Mas, cada vez mais me é mostrado que na realidade as coisas não são bem assim.
Primeiro, o controlo e a manipulação nunca garantem que as coisas corram bem, principalmente porque esse “correr bem” subentende que as coisas corram à minha maneira e na maior parte das vezes isso não é muito benéfico.
Depois, as melhores coisas na vida acontecem de forma inesperada. Aliás, aqueles momentos em que algo me vem parar às mãos, sem qualquer tipo de controlo da minha parte são aqueles momentos em que eu acredito mais que a vida é composta por pequenos milagres.
Por último, nada é o que parece. Coisas que aparentemente são “boas” revelam-se grandes dores de cabeça; coisas que parecem um grande caos são as maiores bênçãos.
Eu sou míope e por isso a minha visão da realidade é bem distorcida. Se eu sei que não vejo a vida com olhos de ver, como é que alguma vez posso querer ver algo que me ultrapassa, devido a todos os meus conceitos materialistas.
Se não vejo bem aquilo que está à minha frente, se não consigo usufruir de grande parte da beleza que está ao meu alcance, como posso achar que a minha visão é expandida o suficiente para saber como é que o desenrolar de uma situação pode ser benéfico para mim?
Pensar, raciocinar, racionalizar; ferramentas com as quais eu tento resolver problemas, quando na verdade são elas quem criam esses mesmos problemas.
É tão simples viver, sonhar e criar. Só existe um obstáculo ao paraíso que é a vida: eu e a minha mania de querer as coisas à minha maneira.
Obrigado por este dia repleto de bênçãos.
Até amanhã!
Ângela Barnabé