“Segundo a minha visão de educação, a vida não devia ser encarada como uma luta pela sobrevivência; a vida devia ser encarada como uma celebração. A vida não devia ser apenas competição, mas devia ser também alegria. Música, dança, poesia e pintura, e tudo o que há no mundo – a educação devia preparar-nos para nos sintonizarmos com isso: com as árvores e os pássaros, com o Céu, o Sol e a Lua.
E a educação devia preparar-nos para sermos nós próprios. Neste momento, prepara-nos para sermos imitadores; ensina-nos a ser como os outros. Isso é deseducação. A verdadeira educação ensina-nos a sermos nós próprios, a sermos autênticos. Cada um de nós é único. Não há ninguém como nós, nunca houve nem haverá. Isso revela um enorme respeito da parte da Natureza. É essa a nossa glória, o facto de sermos únicos. Não se torne imitador, não se torne fotocópia.
Porém, é isso o que a sua dita educação continua a fazer: cria fotocópias; destrói o seu rosto original. A palavra “educação” tem dois significados, e ambos são belos. Um dos significados é bem conhecido, embora nunca seja posto em prática: tirar algo de nós.
“Educação” significa tirar cá para fora o que está dentro de nós, concretizar o nosso potencial, como quando se tira água de um poço.
No entanto, não é isto que se faz. Antes pelo contrário, despejam- lhe coisas para dentro, em vez de as tirarem de dentro de si. Geografia, história, ciências e matemática continuam a ser despejadas para dentro de si. Você torna-se um papagaio. Tratam-no como um computador; tal como dão informação aos computadores, fazem o mesmo consigo. As suas instituições educativas são lugares onde lhe enfiam coisas para dentro da cabeça.
A verdadeira educação constituirá em revelar o que está escondido dentro de si – o tesouro que a existência depositou dentro de si. Descobri-lo, revelá-lo, torná-lo luminoso.
E outro significado do termo, que é ainda mais profundo: “educação” deriva da palavra ” educare”; significa levar da escuridão para a luz. Um sentido importantíssimo: levar da escuridão para a luz.
O Homem vive na escuridão, no inconsciente – e pode ficar cheio de luz. A. chama está lá, é preciso que a acendam. A consciência está lá, mas tem de ser despertada. O Homem tem tudo, trouxe tudo consigo; mas a ideia de nos termos tornado homens única e simplesmente por termos um corpo humano é errada, e essa ideia tem sido a causa de imenso mal praticado ao longo dos séculos.
O ser humano nasce como uma oportunidade, como um ensejo. E poucas pessoas o concretizam: um Jesus, um Buda, um Maomé, um Bahaudin. Muito poucos homens, poucos e distanciados, se tornam verdadeiramente homens – quando ficam cheios de luz e a escuridão desaparece, quando não há inconsciência a pairar algures na nossa alma, quando tudo é luz, quando somos apenas consciência. Então, a vida é uma bênção.”
Osho, in O livro da criança