
Aproximo-me do abismo. Respiro fundo e vislumbro a próxima etapa da jornada, situada na próxima montanha.
O que me separa do meu objetivo são apenas alguns metros, distância essa traduzida numa pequena caminhada feita no vazio. Sim no vazio, pois não existe nenhuma ponte, nenhum caminho, nenhum elo que faça uma ligação física ao sítio onde me quero dirigir.
Observo o que se encontra a meu redor, no cume desta montanha. Não há nada com que possa fazer uma ponte, apenas algumas coisas que aparentemente podem diminuir a distância.
Tento todas elas, mas nenhuma é suficiente. Nenhuma torna a minha viagem até à próxima montanha algo possível.
Procuro um atalho, uma forma diferente de alcançar o meu objetivo. Desço a montanha e procuro outros caminhos. Consigo chegar à base da outra montanha.
É muito ingreme para escalar, não existem nenhumas escadas. Gasto todas as minhas energias a tentar forçar a minha subida. Resisto, resmungo e reclamo.
Amaldiçoo a minha sorte e procuro uma montanha menos íngreme, menos alta, mais fácil. E encontro-a. Mas essa não parece suficiente. E a seguinte também não.
Decido então tentar novamente a primeira montanha. Continua tão alta, mas a distância não parece tão grande. Lembro-me das palavras de alguém sábio, que me foram ditas algures na procura de outras montanhas. “ Dá o primeiro passo e confia que tudo correrá da melhor forma”.
Hesitei. Medi a distância. Voltei a procurar outras soluções. Mas eu sabia que o caminho era por ali.
Fechei os olhos. Aproximei-me do abismo. Respirei fundo e dei o primeiro passo.
Então tudo fez sentido. O caminho não apareceu. Nem uma ponte. Mas cresceram-me asas, algo que nunca poderia imaginar.
Obrigado por este dia repleto de montanhas…
Até amanhã!
Ângela Barnabé