Aceitar-me como sou – Reflexões Diárias
Ao longo destes dias tenho pensado muito na aceitação de mim mesma. Não da forma romantizada que antes fazia, com aquelas ideias que apenas roçavam a superfície da questão.
Falo da aceitação profunda, aquela que exige uma verdadeira mudança e que acima de tudo requer que eu me responsabilize por tudo aquilo que já vivi.
Sempre foi muito fácil para mim atirar as culpas para cima dos outros. E durante algum tempo achei que isso era uma boa forma de lidar com isto. Mas, cedo percebi que no fundo era tapar o sol com uma peneira.
Quanto mais culpava os outros, pior me sentia. Porque no fundo não era uma questão de resolver o problema, mas sim de fugir à verdadeira solução.
Tudo parte mim, eu sei, mas entre saber e fazer vai uma grande distância.
Nestes últimos dias tenho pensado em quantas mágoas, quantos ressentimentos, ódios e raivas eu alimentei, porque me trataram de uma determinada forma, quando no fundo era eu que criava essas mesmas situações.
A forma como os outros me tratavam era diferente da forma como eu me tratava? Ou era na verdade um espelho que refletia a forma como eu era para mim mesma?
Quantas vezes me olhei no espelho e senti raiva por aquilo que via? Quantas vezes eu passei horas e horas a criticar-me e a julgar-me por algo que fiz ou que deixei por fazer?
Assim também os outros me tratavam. E aqueles que no fundo me tratavam bem, que me valorizavam eram afastados, porque ou achava que apenas estavam a ser simpáticos, ou no fundo não contribuíam para alimentar a vítima que havia em mim.
Hoje as coisas são diferentes, porque eu sou diferente. Tenho que estar atenta porque a Ângela vítima está sempre pronta para entrar em cena e assumir o papel principal.
Mas, sei que o obstáculo entre mim e a Ângela que se aceita plenamente, sou eu própria.
Sou eu que escolho trazer o inferno do julgamento e da crítica, ao invés de deixar fluir o paraíso repleto de amor, aceitação e gratidão.
Obrigado por este dia repleto de aceitação.
Até amanhã!
Ângela Barnabé