O conceito de “beleza” está por todo o lado. Fala-se de beleza, trabalha-se para ficar mais belo, mudam-se e ajustam-se os corpos para se puder fazer parte de um padrão.
Ultimamente tenho refletido bastante sobre autoestima,
porque é ela a base de uma vida plena e de uma boa relação comigo mesma, com os
outros e com o mundo.
Dito isto, na maioria das vezes a autoestima está ligada a
aparência, no sentido em que muitas vezes ouvi afirmar ( e até eu própria
afirmei) que olharmo-nos ao espelho e gostarmos do que vemos é sinónimo de uma
boa autoestima.
Mas será que em todos os casos isto é verdade?
Nem sempre, quando me olhei ao espelho e gostei do que vi,
me senti bem comigo mesma. Em muitas dessas ocasiões o julgamento e a crítica
estavam presentes, talvez um pouco mais disfarçadas pelo facto da a minha
aparência corresponder a um padrão que eu me tinha imposto.
Beleza e aparência são coisas diferentes, apesar de na minha mente significarem a mesma coisa durante muito tempo.
A aparência é algo que cuidamos exteriormente e que se pode refletir naquilo que vemos quando olhamos ao espelho. É algo que pode ser mudado apenas por ações no exterior.
A beleza é algo que vem do interior e que se pode refletir em todos os aspetos da nossa vida: seja a forma como nos vemos, como nos veem e como nos sentimos; no fundo aquilo que emanamos.
Esta beleza vem de uma boa autoestima. Quando me sinto bem comigo mesma, quando me sinto a vibrar por aquilo que sou, irradio tudo o que é belo para o exterior.
Quando me sinto mal comigo mesma e as ações que tenho são
para alterar o resultado em vez da causa, não posso irradiar beleza e só
irradiarei mal-estar, criando cada vez “piores” resultados.
Enquanto existir uma parte de mim que eu não ame incondicionalmente,
existirá sempre uma lacuna. Posso tentar adiar ou disfarçar, mas mais cedo ou
mais tarde terei que trabalhar esse aspeto.
A aparência é a coisa que menos importa quando me sinto bem comigo mesma ( e nada é o que parece). A beleza é algo que é irradiado naturalmente quando me sinto bem. Uma boa autoestima é tudo aquilo em que me tenho que focar.
Não posso afirmar que estou 100% aberta à mudança e que estou sempre preparada para que as coisas fluam de maneira diferente (e melhor).
Um dos meus grandes desafios no dia-a-dia é estar sempre atenta
à minha resistência ao novo e permitir que tudo corra da maneira que deve
correr sem a minha interferência e controlo.
É uma grande estupidez resistir à vida e, perante todas as evidências que a minha visão é limitada àquilo que parece, ainda pensar que sei alguma coisa.
O processo de mudança é algo belo. É algo que expande horizontes, que mostra novas oportunidades e que me leva a um crescimento constante.
É a recusa em largar o conhecido, em abrir mão de aspetos que não quero mudar; a vontade de que as coisas mudem sem que eu mude, que causa todo o sofrimento que eu muitas vezes associei à mudança.
A tendência para fazer as coisas sempre à minha maneira, sem
permitir que uma visão diferente da minha surja, impede-me muitas vezes de
fluir com as tarefas e de tirar o máximo benefício daquilo que estou a fazer.
A aprendizagem vem com a experiência, vem com o fazer. Se eu não experimentar uma maneira diferente de fazer as coisas, nunca vou expandir a minha aprendizagem.
Estou a escrever neste momento este texto, com uma visão bem diferente daquela que tinha há seis anos atrás, porque me abri à mudança.z
A minha vida é algo que faz sentido porque permiti que a minha visão e postura em relação à vida mudassem.
A vida é crescimento constante. É só permitir que tudo flua
e maravilhar-me com a beleza da mudança.
A beleza é mais do que os olhos veem. A beleza é mais do que um padrão a que eu ainda me imponho quando me olho ao espelho. É mais do que o corpo físico…
Beleza é algo que se sente, que se admira. Está por todo o lado, em todos os momentos, basta que eu me abra a vê-la.
Cada segundo é algo belo. É mais uma oportunidade para viver, para realizar sonhos, para ser feliz…
Estas palavras que escrevo são belas, também, e gostaria que aquilo que eu sinto neste momento fizesse parte de todo o meu dia.
Mas, ainda me deixo levar pelas aparências e ainda deixo que diversos conceitos me toldem a visão e que não me permitam ver o que realmente interessa.
Aos poucos as cortinas vão caindo e sou maravilhada com as bênçãos que existem ao meu redor. E quando penso que já consigo ver tudo sou surpreendida novamente pela vida e vejo que ainda existem mais coisas do que eu consigo imaginar.
Sentir-me bem e apreciar a beleza não é algo difícil. Bem mais difícil é viver coberta de preconceitos e estar na luta pela sobrevivência, achando que isso é o melhor que existe.
A beleza ultrapassa qualquer conceito e talvez a verdadeira beleza apenas se possa sentir e ver com o coração.
Desde que entrei na adolescência que criei uma relação não muito saudável com o meu corpo. Sabendo eu hoje que a minha mente interfere com a minha realidade física, consigo ver o porquê de isso acontecer.
O meu corpo era o meu inimigo e ele estava entre mim e o bem-estar que eu iria sentir quando a imagem que estava no espelho fosse aquela que eu queria ver.
Não posso dizer que me foi passado directamente um conceito de beleza, mas eu impus a mim mesma uma imagem que tinha de alcançar para ser bonita.
A minha baixa autoestima punha-me numa posição inferior a toda a gente e não conseguia sentir-me bem com aquilo que eu era.
O meu corpo foi-me dando sinais que a minha conduta não era muito boa para mim, mas eu suprimi essa mensagem, ficando cada vez mais frustrada por tudo o que ia acontecendo na minha vida.
Hoje sinto que tenho uma postura diferente. Cada vez que tenho um sintoma físico sei que é um sinal que algo não está bem. Existe culpa, medo, resistência…; tudo causado por conceitos obsoletos que eu tenho em relação à vida.
A relação com o meu corpo está diferente. Quando me olho no espelho, não procuro a beleza nos traços físicos que se aproximam de um padrão de beleza.
Procuro um sorriso, uma luz no olhar que mostra que eu me sinto bem comigo mesma e com a vida.
Procuro o entusiasmo por cada segundo novo, repleto de novas possibilidades.
Por muito cliché que isto possa parecer, só quando me sinto bonita por dentro é que posso ver essa beleza por fora.
Quando não me sinto bem comigo mesma, posso fazer mil e uma coisas fisicamente, que nunca encontro aquela “chama” de bem-estar que procuro.
Estar bem comigo mesma é uma forma (talvez mesmo a única) de garantir que tudo flui bem!
Hoje na visita que fiz ao Bacalhôa Buddha Eden, vi uma escultura que me despertou uma reflexão. Não sei se aquilo em que eu refleti está relacionado com o tema da escultura, mas a verdade é que “mexeu comigo”.
Desde sempre o conceito da beleza foi algo que me incomodou. Por achar que não pertencia ao grupo das consideradas “bonitas”, sentia-me inferior. A forma como me via a mim mesma refletia esse sentimento e por muito que eu tentasse modificar a minha aparência havia sempre alguém mais bonito que eu.
Tentava pertencer a um padrão e pensava que quando tivesse determinadas roupas, determinado corpo, determinada postura, aí me ia sentir bela. Mas isso nunca aconteceu.
Começo agora a vislumbrar a verdadeira beleza. Aquela beleza que vem do interior. Que nada tem a ver com aparência, mas que no fundo interfere com ela.
Se eu me sinto bem comigo mesma, com o mundo e se o meu foco principal é estar bem, como é que eu poderei não irradiar um brilho, uma beleza?
Quando me sinto bem e me olho ao espelho, vejo alguém que se sente bem. Mas quando não me sinto bem comigo, vejo tudo aquilo que está fora do padrão e que devia ser diferente.
É impressionante o quanto eu me “mutilei” para pertencer a um grupo e no final apenas sobrou um pedaço igual à maioria. Tudo o que era “eu” desapareceu.
Está na altura de me libertar da ditadura da beleza.
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