Hoje trago a minha reflexão em relação a três temas, que aparentemente parecem não estar ligados, mas que de certa maneira num destes primeiros dias do ano me surgiram para reflexão no mesmo período.
Relativamente à coerência fez-se relevante a questão de se educar pelo exemplo. Eu não posso querer um mundo melhor em que todos se tratem a si mesmos com respeito, amor e aceitação e que consequentemente tratem os que estão ao ser redor da mesma maneira, se eu não começar por fazer eu mesma isso. Como é que eu posso exigir dos outros algo que eu considero benéfico se eu própria não abro caminho para isso e não dou o primeiro passo?
Nesta mesma linha de pensamento surge a resistência. Ainda que eu dê o primeiro passo e que seja o exemplo, não posso querer que os outros façam o mesmo e muito menos resistir quando as coisas não acontecem como eu gostaria. Cada um tem o seu processo e resistir àquilo que os outros fazem por não estar dentro daquilo que eu penso ser o ideal, apenas vai perpetuar sofrimento e desfocar-me de fazer a minha parte.
Finalmente, tudo se liga na criação da minha realidade. Apenas posso mudar aquilo que eu faço, nunca aquilo que os outros fazem. A minha realidade é criada por mim; pela minha coerência e pelo meu fluxo (ausência de resistência).
Muitas vezes em criança questionei as ações dos adultos. Não pela ação em si, mas pela falta de coerência que existia, uma vez que me era dito para fazer uma coisa e depois eles faziam outra.
Muitas vezes ouvi a tão famosa frase “Faz o que eu te digo e não faças o que eu faço”. Isso deixava-me dividida porque se me diziam para fazer algo e não o faziam, alguma coisa estava errada.
Como é que podia viver genuína e autenticamente se tudo passava de uma mentira?
As coisas funcionam através do exemplo. Mais do que aquilo que se apregoa, é aquilo que se faz, a forma como se age que conta.
Nunca poderia quer fazer parte de um mundo em que se é o que se quer que o mundo seja se as minhas ações não correspondem às minhas palavras.
Se quero que o mundo seja um lugar melhor, tenho que ser eu própria melhor e as minhas ações têm combinar com aquilo que eu quero experienciar.
Se quero um mundo de amor, tenho que eu ser amor. Se quero um mundo de aceitação tenho que aceitar.
O mundo é um reflexo daquilo que eu sou e quanto mais honesta for mais permitirei a mudança e a transformação para algo cada vez melhor.
Lembro-me que em pequena que dava muita importância à coerência.
E o que era para mim coerência? Aquilo que dizia, sentia e pensava estavam em harmonia.
Por vezes, quando as figuras que eu considerava autoritárias diziam aquela famosa frase: “Faz o que eu te digo e não faças o que eu faço” sentia-me enganada, pois sentia que havia algo errado naquela postura em relação à vida.
Quando há quatro anos comecei a ver a vida de forma diferente, comecei a mudar diversos conceitos. Pensava então que a mudança estava concluída e comecei a escrever e a falar sobre esses novos conceitos.
Passado algum tempo, voltava a mudar esses conceitos, pois há medida que eu expandia a consciência, via esses mesmos conceitos de uma forma mais ampla. E então, voltava a falar dos novos conceitos.
Mas, daí a algum tempo, a situação voltava a acontecer e eu sentia-me constrangida de falar sobre a nova mudança.
Surgiu então dúvida na minha mente: será que eu estou a ser coerente? Agora digo uma coisa, daqui a pouco outra? Estou a tornar-me num “faz o que eu te digo, não faças o que eu faço?”.
Fiz esta pergunta e a resposta foi simples:
Há medida que mudas, vais permitindo que mais luz entre na tua mente, vendo coisas que antes não vias. Entre o tempo em que a mudança acontece, ages de acordo com os conceitos “vigentes”?
Sim, eu tentava ser coerente com os conceitos adquiridos.
Tinha aí a resposta. A mudança é compatível com a coerência, pois eu agia consoante aquilo que acreditava. E quando mudava aquilo em que acreditava, mudava a forma como agia.
Aí o dilema dissipou-se. Ainda hoje me acontece escrever um texto ou partilhar uma ideia, que tempos depois deixa de estar desatualizada.
“Não há vida sem mudança”, diz António Fernandes.
Como é que ideias de há dez anos atrás podem funcionar hoje, depois de tanta coisa ter mudada?
Abrir a mente e deixar a luz entrar é essencial para uma vida de abundância, prosperidade e amor!
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