Comemoro hoje dois anos que comecei a escrever as reflexões
diárias. Quando tomei a decisão de partilhar os meus pensamentos do dia-a-dia
através de artigos publicados neste blog, fi-lo com intenção de aprender a
lidar com emoções que estavam “presas” dentro de mim.
O medo, a insegurança e a dúvida acompanhavam-me com frequência nas decisões e impediam-me de viver com entrega e confiança. A baixa-autoestima estava também “por cá” e a busca pela valorização que me pudessem dar interferia com aquilo que eu escolhia.
Quando comecei a escrever não fazia ideia de tudo o que
tinha cá dentro; não tinha noção de aquilo que “rodava” no plano de fundo e que
tão fortemente agia no que tocava à tomada de decisões em todas as áreas da minha
vida.
Com o tempo fui deitando cá para fora e fui vendo coisas que até então achava impossíveis. Fui descobrindo a segurança, a autoconfiança, o amor por mim mesma… Aquilo que estava cá dentro e que “aparecia” de vez em quando e que depressa era tapado por coisas às quais eu dava mais atenção.
Descobri também que a minha partilha foi ajudando algumas pessoas, que por vezes se dirigiam a mim com as suas próprias partilhas e com as suas histórias de crescimento e mudança.
A pessoa que escreveu a primeira reflexão foi dando lugar a
outras versões de mim mesma; versões com menos camadas de preconceitos e
julgamentos, que se permitiam amar e viver a vida com alegria.
Graças a todo este trajeto sou uma pessoa bem melhor. Pude ver-me de uma maneira diferente, pude aprender a lidar com as minhas emoções de uma forma bem mais saudável, pude, acima de tudo, ver um propósito em tudo ( ou quase tudo) o que vivenciei na minha jornada.
Quando escrevi aquele texto nunca poderia imaginar estar a
viver aquilo que estou a viver hoje; nunca poderia imaginar que todos os “bichos
de sete cabeças” da altura se iriam transformar em presentes, recheados de crescimento
e aprendizagem.
Hoje encerro um ciclo. Escrevi bastantes artigos, partilhei imensos aspetos sobre mim, sobre a minha vida e sobre o meu crescimento.
E com este encerrar de ciclo quero partilhar a minha gratidão por estes dois anos, e por aqueles vinte e um anos, que pavimentaram o caminho que eu hoje palmilho e as aprendizagens que levo hoje no coração.
Obrigado a todos os que leram: os que compartilharam comigo as suas histórias e aqueles que apenas me permitiram compartilhar as minhas.
Obrigado a todos os que fizeram parte do meu dia-a-dia e que para além de serem os ouvintes das minhas histórias, desempenharam um papel crucial nelas.
Obrigado a todos os acontecimentos destes dois anos: os grandes que me trouxeram grandes mudanças e os pequenos que me trouxeram tanto crescimento e tantas reflexões.
A vida é um constante processo de evolução e crescimento. Ao longo do seu percurso existem caminhos a percorrer para que eu possa aprender algo ou que me permitem chegar onde pretendo.
Apesar de eu saber
que tenho que passar por um determinado processo e que nada acontece de um dia
para o outro, ainda existe uma parte de mim que quer evitar isso, procurando
atalhos.
Existem ainda fragmentos da cultura do instantâneo em mim e isso faz com que eu queira as coisas para ontem, ou ainda pior: que eu queira colher sem semear.
Por muito que eu evite o crescimento, por muito que eu adie o passar por uma situação, mais cedo ou mais tarde irei deparar-me com o que eu preciso de lidar. Por muito que eu queira apressar algo, por muito que eu procure um caminho mais rápido, nada pode acelerar o processo natural de evolução.
Olhando para trás
e observando tudo aquilo que eu adiei e todos os processos pelos quais eu
evitei passar, vejo claramente que tudo seria mais simples se eu tivesse
aceitado aquilo que me era apresentado, sem julgar e confiasse que seria capaz
de lidar com tudo aquilo que fosse preciso.
Mas ver isso
também faz parte do processo de aprendizagem e tudo aquilo que eu adiei
trouxe-me até aqui, onde estou hoje na minha vida.
Resumindo: tudo faz parte de um processo e mesmo que eu resista e adie o seu desenvolvimento, vou ser sempre encaminhada para aquilo que eu preciso e para aquilo que permite que a minha jornada seja sempre a melhor.
Se for analisar alguns aspetos da minha vida e as mudanças que tenho que efetuar para que as coisas fluam, existem determinadas situações com as quais eu tenho que lidar e que eu quero ao máximo adiar ( e até mesmo evitar).
Com o passar do tempo tenho vindo a notar que por muito que eu tente adiar o passar por determinadas experiências, mais cedo ou mais tarde sou “confrontada” com o ter que lidar com isso mesmo.
Antes encarava isto como um castigo, pensando que uma vez que tinha evitado passar pela situação, agora tinha que passar por ela à força e com um grau de dificuldade maior.
Mas vendo hoje as coisas de uma perspetiva diferente, o facto de ser “confrontada” novamente com a situação é uma forma de a vida me dar uma nova oportunidade para crescer, agora com uma maturidade diferente.
Resolver a situação à primeira é o ideal, mas tendo uma nova oportunidade, por muito desconfortável que seja ter que lidar com aquilo que quero evitar, é uma maneira de desatar nós, estando com uma postura diferente.
Dou muitas vezes por mim a rir quando observo que aquilo que tanto evitava está em frente a mim, sem qualquer hipótese de ser evitado. Ao mesmo tempo sinto uma gratidão tão grande pela vida por ela, mesmo com a minha resistência, me dar a oportunidade de resolver as situações.
O que dita o grau de dificuldade do resolver uma situação é a minha postura. Se eu aceitar e confiar, tudo flui. Se eu resistir, verei diante de mim um grande problema.
Posso tentar adiar o crescimento, mas a vida sempre me impulsionará para a frente, para uma versão cada vez melhor de mim mesma.
Nada acontece por acaso e quanto mais tomo consciência disso, mais consigo apreciar a beleza dos acontecimentos e a forma como tudo se desenrola.
A vida sabe o que faz e a prova disso é o sítio em que me encontro agora, em todas as áreas da minha vida.
No fundo, não é só agora que as coisas acontecem assim. Desde sempre foi assim, mas todos os muros que coloquei entre mim e a vida impediam-me de ver que isso acontecia.
Acredito que para que possa receber aquilo que quero tenho que passar por um processo de crescimento. Este processo não é uma coisa dolorosa, ao contrário do que eu pensava anteriormente, mas é algo que acontece de uma maneira natural e fluída.
Muitas vezes chego à conclusão que aquilo que anteriormente era desejado, afinal não faz tanto sentido assim. Outras concluo que o que me motivava a querer algo não era benéfico para mim e que é altura para alterar as prioridades.
Outras vezes, de forma a valorizar aquilo que tenho ou que vou ter preciso de passar por algumas experiências, de forma a expandir a minha consciência.
No meio de tantos itens que podem interferir com a valorização e usufruto das experiências como é que eu posso saber qual é o momento certo para as coisas chegarem?
A melhor resposta que eu tenho para esta pergunta é: confiar na vida, porque ela sabe o que faz.
Nada poderia ser mais perfeito do que o que tem acontecido até hoje. Se eu não vi isso foi porque estava agarrada àquilo que parecia, criando ansiedade e medo.
Os problemas eram causados pela minha mente, as inseguranças pela falta de confiança na vida.
A vida sabe o que faz e eu só tenho que apreciar isso.
Já escrevi bastantes vezes sobre o facto de querer saber fazer as coisas à primeira, sem ter qualquer experiência. Quero começar e acertar logo, sem ter qualquer tipo percurso naquilo que estou a querer fazer.
Mas a verdade é que as coisas obedecem a uma ordem e a um crescimento que tem o seu ritmo. A postura com que eu faço as coisas influencia grandemente a forma como elas fluem, mais isso não significa que posso saltar a ordem de como as coisas acontecem.
A vida é um crescimento diário, contínuo. A única forma de eu viver uma vida plena e realizada é estar constantemente em evolução, permitindo a mudança e abrindo-me para um sem-fim de ciclos.
Desempenhar uma tarefa da melhor maneira não significa fazer as coisas perfeitas à primeira. A melhor maneira de fazer as coisas é dar o melhor de mim, fazendo o melhor que sei e que posso.
Isso permite o crescimento e deixa que tudo o que acontece contribua para as aprendizagens e que por sua vez me leve à construção da experiência.
Quando se larga o perfecionismo e se vê que tudo acontece da melhor maneira sempre, confiando na vida, tudo se torna um prazer, mesmo aquilo que nos tira da zona de conforto.
Quanto mais expando a minha consciência, mais vejo a importância do crescimento diário e mais me apercebo de que, se eu permitir, tudo, mas tudo o que acontece contribui para que eu seja uma pessoa cada vez melhor.
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