Cada dia que começa pode ser aquilo que eu quiser. Pode ser um fluxo de oportunidades para estar bem e usufruir da vida ou pode ser uma corrente sucessiva de justificações para estar mal.
Posso acordar na expectativa do que me trará este dia, pronta a absorver tudo aquilo que a vida me dá (e que é o que eu preciso) ou então posso escolher entrar em negação àquilo que me vai sendo apresentado, criando ansiedade e perpetuando situações das quais me quero libertar.
A escolha é sempre minha. Parece-me bem óbvio qual é a melhor decisão a tomar.
E penso que, principalmente no momento em que me encontro em que nada é certo, ou melhor, numa altura em que vou sendo relembrada com mais frequência que tudo muda a todo o instante, é realmente muito importante aproveitar cada dia e não desperdiçar nenhum momento focada naquilo que não quero ou preocupada no que poderá vir a acontecer.
Para além de saber o que eu quero, eu tenho que ter consciência do que motiva as minhas decisões, porque é isso que vai ser a base da criação daquilo que eu almejo.
Aquilo que eu faço não tem grande importância comparado àquilo que me motiva a ter uma ação ou a tomar uma decisão.
Eu posso escolher um caminho “errado”; posso seguir sugestões que nada têm a ver com o caminho que eu quero seguir, mas se a intenção estiver lá e ela estiver em sintonia com o fluxo do universo, de certeza que irei chegar ao resultado final da melhor maneira possível.
Eu posso fazer tudo “certinho”, mas se aquilo que me motiva a agir e a decidir não for uma base de criação que beneficie todos os envolvidos, por muito que eu obtenha à partida aquilo que quero, as consequências não serão muito agradáveis.
A energia que eu coloco naquilo que faço é a sementeira daquilo que eu vou colher no futuro.
Posso obter sempre aquilo que quero, utilizando a manipulação e o controlo; posso ter segundas intenções, como a de tirar partido de alguma situação, e achar que estou a seguir um bom caminho, porque no final tenho aquilo que desejo.
Mas fica sempre um vazio. Ou o feitiço vira-se contra o feiticeiro e acabo por receber aquilo que irradiei.
É bem melhor agir com uma mente limpa. Ser motivada pela criação da realidade que desejo, confiando no processo e fluxo da vida e tendo sempre em mente que nem sempre aquilo que quero é aquilo que preciso.
Sim, porque muitas vezes queria obter determinado resultado para que ele me desse bem-estar. E não é novidade nenhuma que o bem-estar precisa de vir de dentro de mim, independente do que possa estar a acontecer.
A motivação de cada decisão determina quando, como e se realmente vou obter aquilo para o qual eu pus ação. Se estiver atenta a isso, posso ver qual é o meu estado e saber o que realmente eu ando à procura.
Muitas vezes me deparo com situações aparentemente caóticas. Coisas que não me parecem levar a lado nenhum e muitas vezes parecem mesmo atrapalhar.
A pergunta que surge é “Porquê?” e é logo seguida por “E agora?”. Nesses momentos em que a tentação é julgar e tentar perceber o motivo pelo qual as coisas aconteceram, ao mesmo tempo que se tenta manipular o que irá acontecer, é preciso parar.
O porquê não interessa. As coisas acontecem sempre por um motivo, claro, mas a única coisa que eu preciso saber é que sou 100% responsável pela minha realidade. Não importa se aquilo que está a acontecer é resultado de uma crença, de uma ação ou de uma decisão; isso não vai resolver nada.
Com o tempo talvez possa vir a saber, mas se tentar perceber o motivo estarei a julgar e a racionalizar com base em conceitos que não abrangem toda a realidade e acabarei por apenas enganar-me a mim mesma.
E o que irá acontecer? Essa parte depende de mim. Não posso propriamente escolher o que vai acontecer e como se irão desenrolar os acontecimentos, mas posso decidir qual vai ser a minha postura.
Vou ficar revoltada e zangada e criar sofrimento? Vou tropeçar na situação e fingir que nada aconteceu? Ou vou responsabilizar-me e aceitar o que quer que seja que a situação me tenha a mostrar?
Não posso decidir o que vai acontecer, mas tenho o poder de escolha no que toca à forma como ajo em relação à situação.
Sei que tudo acontece por um motivo. Sei também que posso (e devo) confiar na vida. Sei que tudo o que acontece é o melhor para mim, desde que assim eu o decida.
Ao lidar com a vida de forma indiferente, fui dando o meu poder aos outros, às situações… A imagem que tinha de mim mesma era influenciada pelos outros e provavelmente era mesmo apenas baseada no que os outros pensavam de mim.
Quando os outros estavam bem, eu estava “bem”. Mas, quando os outros demonstravam mal-estar, fazia de tudo para os “pôr bem” porque o meu bem-estar dependia dos outros.
Posso desde já dizer que isto é uma forma horrível de viver a vida. O meu bem-estar só pode depender de mim e qualquer poder de decisão em relação à minha vida deve estar nas minhas mãos.
Quando se dá o poder de decidir o que se deve sentir aos outros, para além de se andar à deriva na vida, começa-se um ciclo de culpar e responsabilizar os outros pelo estado da nossa vida.
Foi isso que me aconteceu. Sentia-me infeliz, porque deixava que tudo o que acontecia interferisse no meu estado, e passava o tempo a culpar os outros e a vida pelo sítio onde me encontrava.
Para sair daí tive que me responsabilizar; tudo o que estava a acontecer era da minha responsabilidade. O “poder” voltou para mim e hoje sei que só eu posso decidir aquilo que sinto e se os outros é que decidem, fui eu própria que decidi que isso assim acontecesse.
Em criança eu gostava de questionar, de investigar e de discutir ideias. Não se tratava de procurar ter razão, mas sim de procurar a melhor maneira de fazer as coisas.
Com o tempo fui perdendo isso. Não sei se foi pela forma como fui ensinada a viver, mas acabei por me conformar com o que me era apresentado.
Deixei de procurar e passei a queixar-me e a reclamar daquilo que vivia. Não gostava das coisas mas também não fazia nada para mudar. Queria ter as coisas à minha maneira, mesmo quando a minha maneira não me levava a lado nenhum.
No fundo sobrevivia.
Até que um dia tomei a decisão de viver.
Não sei exatamente quando foi, mas aos poucos fui levantando o véu que me impedia de ver as cores que tanto procurei.
Comecei a ver despertar aquela curiosidade de questionar e investigar que foi ficando coberta pelo medo, pela dúvida e pela ansiedade.
Tudo começou com uma decisão, mas isso foi apenas o primeiro passo. A cada dia, aprendo a lidar com mais situações e vou vendo que aquilo que considerei verdade no passado, hoje não faz mais sentido.
A vida é mudança e evolução constante. Para que eu possa vivê-la ao máximo tenho que apenas aprender a fluir com ela.
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