Tenho refletido sobre a minha entrega à vida e sobre como isso permite que tudo flua de forma perfeita.
Um dos aspetos que sei que ainda preciso transformar e no qual eu estou a trabalhar é o deixar os planos e os esquemas mentais e entregar-me ao que estou a fazer, confiante que o Universo me encaminhará sempre para o que é melhor.
Posso dizer que nos momentos em que faço isso, nos momentos em que realmente me conecto ao que estou a viver, experiencio um bem-estar enorme, e sinto que estou no momento certo, no sítio certo a fazer a coisa certa.
Nesses momentos, não existem imprevistos, não existem problemas; tudo flui e no momento em que surge uma situação que precisa mais atenção, existem também todas as ferramentas para que eu possa lidar com ela.
Quanto mais eu tentar calcular, controlar ou planear, mais “problemas” aparecem e mais me sinto como se eu e a vida estivéssemos separadas.
Quando me coloco numa postura de abertura e de entrega total é como se a vida me acolhesse nos seus braços.
Só quando me entrego é que posso deixar fluir e é nesses momentos que me sinto em plenitude.
Quando ouvi falar, pela primeira vez, sobre deixar fluir o conceito pareceu-me muito difícil de aplicar. Como é que eu, com a possibilidade de acontecerem mil e uma coisas, me ia sentar e deixar que tudo acontecesse sem o meu controlo?
E se o resultado final de algo fosse algo que eu não gostasse? Ou algo que eu não soubesse lidar? Com isto tudo entrava sempre em ansiedade. Por muito que eu tentasse controlar e prever o que iria acontecer ficava sempre a pairar a dúvida.
Quando me comecei a aperceber que as coisas que eu buscava
na vida poderiam não ser as melhores devido aos conceitos que eu tinha e a tudo
aquilo que eu queria evitar trabalhar, a situação ainda se complicou mais.
A resposta estava no deixar fluir. Mas como é que eu
insegura poderia permitir que as coisas corresse de uma maneira que eu não
controlasse? O treino e a prática entravam ao trabalho nesta parte; quanto mais
eu treinasse o deixar fluir, mais segura me sentia e mais fácil seria.
Hoje consigo enumerar muitas situações em que deixei fluir e me pude maravilhar com os resultados. Também posso enumerar outras tantas em que a tendência para controlar foi maior e em que acabei por tropeçar naquilo que não queria experienciar.
Mas mesmo nesses momentos o que é preciso é deixar fluir.
Assim como agora me rio por tanta “tempestade em copos de água” que fiz no
passado, talvez no futuro me rirei por tudo aquilo que agora considero difícil.
Ninguém me disse que as coisas deveriam acontecer à minha maneira e que tudo correria como esperado. Disseram-me sim que tudo iria acontecer no momento certo e que a única coisa que eu tinha que fazer era pôr ação, largar e ficar maravilhada com tudo aquilo que poderia criar na minha vida.
Posso afirmar que todos os dias milhares de pensamentos passam pela minha mente e que cada um deles representa a criação de uma realidade.
Antes sempre que me vinha à mente um pensamento que se traduzia na materialização de algo que eu não queria experienciar, o que eu tentava fazer era resolver aquilo na minha mente.
Muitas vezes tomei ações para evitar que o que eu mais temia acontecesse e os resultados eram: ou acontecia mesmo aquilo que eu não queria e eu sentia-me responsável por saber que foi o meu medo que criou aquilo; ou então conseguia evitar o “problema” e sentia-me exausta de tanta tensão criada por mim mesma.
Nos dois cenários sentia sempre que manipulei (porque de facto o tinha feito) e mais do que isso: sentia que nunca poderia saber que o que aconteceu foi o melhor. Sentia que tinha “manchado” uma experiência com toda a minha preocupação e que não poderia usufruir de algo que muito provavelmente teria sido bastante agradável.
Nos últimos tempos tenho estado atenta a todas essas jogadas mentais e tenho me alertado para o facto de eu tentar controlar e manipular tudo.
As coisas acontecem sempre da melhor maneira e o facto de eu “stressar” e tentar moldar as coisas à minha maneira é apenas um boicote à perfeição da vida.
O que tenho a fazer é relaxar e deixar fluir porque não há nada mais agradável do que confiar e saber que tudo tem um propósito e que a vida nunca me falha.
Muitas vezes ouvi dizer que para conseguir ter alguma coisa na vida tinha que me esforçar. Lutar pelo que queria era essencial para ter sucesso e muitas vezes o sacrifício era a base de muitas conquistas.
Quando comecei a ver a vida de uma forma diferente, passei a dar tanta importância ao percurso como ao destino e toda aquela filosofia de “não importa o meio, apenas o fim”, deixou de fazer sentido.
Se o controlo e a manipulação não me tinham levado ao bem-estar que sempre quis; se a caminhada é tão importante como o destino e se a principal base de toda a criação deve ser a confiança no processo da vida, para que serve o esforço?
Tenho conseguido tantas coisas deixando fluir e tenho criado outras tantas com amor e boa-vontade…
A vida não deve ser nem sacrifício nem esforço… Muitas vezes me sacrifiquei com foco em algo e no final aquilo que consegui não contribuiu em nada para o meu bem-estar e nem sequer usufrui do caminho que me levou ao objetivo.
Cada vez vejo mais que a vida é tão curta para desperdiçar um segundo que seja sentindo-me mal ou fazendo algo com uma postura que não seja a de amor, de aceitação ou de gratidão.
Posso esforçar-me e assim conseguir algo. Mas é muito mais fácil colocar ação e deixar fluir, confiante que o que for melhor para mim acontecerá sempre.
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