Tenho refletido sobre a minha entrega à vida e sobre como isso permite que tudo flua de forma perfeita.
Um dos aspetos que sei que ainda preciso transformar e no qual eu estou a trabalhar é o deixar os planos e os esquemas mentais e entregar-me ao que estou a fazer, confiante que o Universo me encaminhará sempre para o que é melhor.
Posso dizer que nos momentos em que faço isso, nos momentos em que realmente me conecto ao que estou a viver, experiencio um bem-estar enorme, e sinto que estou no momento certo, no sítio certo a fazer a coisa certa.
Nesses momentos, não existem imprevistos, não existem problemas; tudo flui e no momento em que surge uma situação que precisa mais atenção, existem também todas as ferramentas para que eu possa lidar com ela.
Quanto mais eu tentar calcular, controlar ou planear, mais “problemas” aparecem e mais me sinto como se eu e a vida estivéssemos separadas.
Quando me coloco numa postura de abertura e de entrega total é como se a vida me acolhesse nos seus braços.
Só quando me entrego é que posso deixar fluir e é nesses momentos que me sinto em plenitude.
Como já escrevi algumas vezes, tem sido cada vez mais fácil aperceber-me que aquilo que eu vejo como problemático é sempre uma perspectiva criada na minha mente.
Lidar com as situações, encontrar soluções para “problemas” e aprender com aquilo que vai acontecendo não é difícil. Basta descomplicar e confiar que tudo acontece por um motivo.
Mas quando em vez de me focar naquilo que quero, crio cenários mirabolantes na minha mente, que abordam os meus medos e aquilo que não quero que aconteça, as coisas complicam-se um bocadinho.
Porque às vezes ainda me permito navegar pelos mares daquilo que ainda não aconteceu, alimentando “filmes” em que a tragédia é a protagonista e acabo por transportar para o meu dia-a-dia emoções que apenas contribuem para a criação daquilo que não quero.
Felizmente “caiu-me a ficha” e permiti-me ver quanto tempo eu neste processo.
Tendo em conta o quão curta é a vida, o quão grande é o meu papel criador na minha realidade e quanta responsabilidade eu tenho para a criação de um mundo melhor, não é nada inteligente usar o meu tempo com “complicações”.
Se há algo que eu possa ter aprendido nos últimos anos é que tudo corre sempre pelo melhor.
Às vezes no meu do caos das aparências, isso pode não ser percetível. Mesmo passado algum tempo eu posso não ver que o que aconteceu foi o melhor. Mas no encaixar das peças que compõem a minha vida, até hoje, não aconteceu nada que não fizesse sentido.
Posso tentar ter as coisas à minha maneira; sentir-me ansiosa e não confiar na vida; mas depois de toda a “poeira baixar” é claro que toda aquela confusão se passou na minha cabeça e que na verdade tudo fluiria se eu não complicasse.
Quando ouvi falar, pela primeira vez, sobre deixar fluir o conceito pareceu-me muito difícil de aplicar. Como é que eu, com a possibilidade de acontecerem mil e uma coisas, me ia sentar e deixar que tudo acontecesse sem o meu controlo?
E se o resultado final de algo fosse algo que eu não gostasse? Ou algo que eu não soubesse lidar? Com isto tudo entrava sempre em ansiedade. Por muito que eu tentasse controlar e prever o que iria acontecer ficava sempre a pairar a dúvida.
Quando me comecei a aperceber que as coisas que eu buscava
na vida poderiam não ser as melhores devido aos conceitos que eu tinha e a tudo
aquilo que eu queria evitar trabalhar, a situação ainda se complicou mais.
A resposta estava no deixar fluir. Mas como é que eu
insegura poderia permitir que as coisas corresse de uma maneira que eu não
controlasse? O treino e a prática entravam ao trabalho nesta parte; quanto mais
eu treinasse o deixar fluir, mais segura me sentia e mais fácil seria.
Hoje consigo enumerar muitas situações em que deixei fluir e me pude maravilhar com os resultados. Também posso enumerar outras tantas em que a tendência para controlar foi maior e em que acabei por tropeçar naquilo que não queria experienciar.
Mas mesmo nesses momentos o que é preciso é deixar fluir.
Assim como agora me rio por tanta “tempestade em copos de água” que fiz no
passado, talvez no futuro me rirei por tudo aquilo que agora considero difícil.
Ninguém me disse que as coisas deveriam acontecer à minha maneira e que tudo correria como esperado. Disseram-me sim que tudo iria acontecer no momento certo e que a única coisa que eu tinha que fazer era pôr ação, largar e ficar maravilhada com tudo aquilo que poderia criar na minha vida.
Não posso controlar como e quando as coisas acontecem. Não posso saber o que é o melhor para mim. Mas posso ditar a forma como as coisas fluem.
Tudo o que acontece na minha vida é reflexo de mim mesma. Se as coisas não fluem significa que eu própria não estou a fluir e que estou muito provavelmente a resistir à vida.
Tenho uma grande tendência para querer controlar, justificando isso com o facto de querer que tudo corra da melhor maneira. Mas a forma de fazer com que tudo corra da melhor maneira é confiar.
Sempre que controlo estrago tudo, a verdade é essa. Posso adiar mais um pouco, posso tentar remediar uma situação mas mais cedo ou mais tarde tenho que fazer as coisas da maneira “correta”.
Cada situação representa uma oportunidade de crescimento. Se algo surge na minha vida estou preparada para lidar com isso.
Então porquê criar medo e ansiedade, se apenas tenho aquilo para o qual estou preparada? Não é bem mais fácil confiar?
Quando eu confio tenho a certeza que as coisas correm bem e posso usufruir de todo o percurso que me leva até àquilo que eu quero.
Quando eu não confio entro em ansiedade, crio aquilo que não quero e fico sempre com a sensação que poderia ter feito melhor.
Tem sido um grande treino confiar na vida e sei que o melhor caminho a tomar é o caminho da confiança, da aceitação e da gratidão.
Por muito que eu pense que consigo ver para lá das aparências, a verdade é que a minha forma de olhar para as coisas está carregada de julgamento.
A minha postura de observador influencia o desenrolar e o resultado dos acontecimentos e tenho que estar bastante atenta às possibilidades que crio na minha mente, pois é isso que vou criar na minha realidade.
Todos os dias sou surpreendida pela forma como as coisas acontecem e quanto mais me desapego dos conceitos que criei em relação à vida, mais beleza vejo no fluxo das coisas.
Nada é o que parece, uma frase que muitas vezes se ouve por aí. E se pensar bem, nada é mesmo o que parece.
As coisas que parecem limitações transformam-se em bênçãos. Aquilo que eu pensava ser o melhor para mim, não me trouxe qualquer evolução. O que parecia ser bastante desconfortável trouxe-me crescimento.
Então, porquê perder tempo a julgar as coisas e a tentar perceber o motivo por detrás dos acontecimentos?
Não seria bem mais inteligente confiar na vida e saber que serei sempre encaminhada para o melhor resultado possível?
Existe tanto para lá do que eu consigo ver e compreender. Mas se calhar o meu objetivo não deve ser ver e perceber, mas sim usufruir e criar, confiando e entregando ao Universo a forma de as coisas chegarem até mim.
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