Cada um tem o seu percurso; esta foi uma frase sobre a qual refleti durante o dia de hoje. Esta frase tira-me do julgamento e permite-me aceitar a forma de ser daqueles que me rodeiam e daqueles dos quais tenho conhecimento.
Posso falar de experiência, mencionando aquilo que foi resultando ou não resultando comigo e posso permitir que os outros aprendam com os meus erros e com os meus “acertos”. Posso também aprender com a experiência dos outros e trilhar o meu próprio caminho.
Eu tenho o meu percurso a fazer, assim como todos os habitantes deste planeta. É uma grande arrogância da minha parte pensar que sei o que é melhor para os outros, principalmente quando eu não sei o que é melhor para mim mesma.
Aquilo que sei é que a única coisa em que me tenho que focar é em estar bem. Nesse estado de bem-estar de certeza que irei respeitar e aceitar todos os percursos de vida; seja o meu, seja o dos outros. Essa postura também me permite, através da perspetiva do observador, não ancorar determinados conceitos e julgamentos sobre os outros, e assim permitir que tudo flua da forma que tem que ser, ou seja, da melhor forma para mim e para toda a humanidade.
Ontem escrevi sobre relações e sobre como a minha autoestima influencia a forma como me relaciono com os outros e comigo mesma. Uma boa autoestima pressupõe uma ausência, ou pelo menos, o mínimo possível de julgamento em relação a mim mesma e consequentemente em relação às pessoas que me rodeiam.
Sem julgamento existe uma aceitação plena daquilo que acontece, daquilo que sou, penso ou faço e dos outros; das ações, dos comportamentos e de tudo o que possa ser observado e sentido em relação àqueles que vivem junto a mim.
Este conceito de não julgamento, que é substituído por aceitação, é algo urgente de ser aplicado, mas também é algo que requer treino diário.
A forma como eu fui educada, que é semelhante à de muitos outros, formatou-me para o julgamento. Sempre encarei os outros com uma postura de análise, para ler as intenções e a maneira de ser de cada um.
Sendo que também fui educada para a crença de que o mundo é um lugar perigoso, no qual todos tentam tirar partido dos outros, esse comportamento de observação a que aqueles que se cruzavam comigo eram sujeitos estava carregado de preconceitos e claro nenhum deles beneficiava a imagem de ninguém.
Tendo em mente que aquilo em que eu me foco e aquilo que irradio é aquilo que eu vou colher, não é de admirar que a maioria das pessoas que conhecia acabavam por tentar tirar partido de mim. Mas não é bem aí que quero chegar hoje.
Quem sou eu para julgar, rotular ou analisar quem quer que seja? Como é que eu, repleta de preconceitos, com uma visão embaciada por filtros e por uma vontade de ver tudo à minha maneira, posso querer dar algum veredicto sobre alguém ou alguma coisa?
A única coisa que eu posso e realmente devo fazer é aceitar plenamente cada pessoa, começando por mim mesma.
Aceitar não é concordar, não é tolerar, nem tentar impor qualquer tipo de mudança no outro na esperança de o melhorar.
Aceitar é olhar para cada pessoa com uma visão limpa, agindo sempre em harmonia com o mundo onde quero viver e que, aos poucos, com as mudanças que vou concretizando em mim mesma, crio e alimento.
Quanto mais substituo o julgamento por aceitação, mais vejo o quão ignorante é querer julgar o que quer que seja e mais fico maravilhada com aquilo que existe para lá da cortina dos conceitos pré-concebidos e rótulos que fui criando ao longo dos anos.
Grata por este dia em que tive a oportunidade de treinar a aceitação,
O julgamento é uma das coisas que mais prejudica o meu dia-a-dia e por isso um dos meus grandes treinos tem sido eliminar o ato de julgar na minha vida.
Não é algo tão fácil quanto eu poderia imaginar, porque o julgamento está impregnado na minha vida. Mas os resultados deste treino têm sido ótimos.
Cada vez que eu julgo eu fecho-me ao universo das possibilidades. Escolho, de entre tudo aquilo que é possível, uma possibilidade baseada nos conceitos que eu tenho em relação à vida.
Não posso afirmar que os conceitos que eu tenho são os “melhores”, uma vez que a minha consciência ainda se encontra limitada e por isso qualquer julgamento que eu faço leva-me à escolha de uma possibilidade limitada, comparada com tudo aquilo que está disponível para mim.
Por isso o melhor que eu tenho a fazer é não julgar.
Não julgar os outros, não julgar as situações, não me julgar a mim mesma… Aceitar simplesmente as coisas e agir na hora certa, consoante as circunstâncias.
A tendência é rotular as coisas, é pensar de mais e acabar ficando focada naquilo que não quero.
Mas eu posso mudar isso, treinando uma nova postura.
Antes de algo acontecer, tudo é possível. Em vez de tentar descobrir o que vai acontecer ( e até manipular para que o que eu quero acontecer), devo abrir-me à vida, sem julgamento e sem medo.
Por muito que eu pense que consigo ver para lá das aparências, a verdade é que a minha forma de olhar para as coisas está carregada de julgamento.
A minha postura de observador influencia o desenrolar e o resultado dos acontecimentos e tenho que estar bastante atenta às possibilidades que crio na minha mente, pois é isso que vou criar na minha realidade.
Todos os dias sou surpreendida pela forma como as coisas acontecem e quanto mais me desapego dos conceitos que criei em relação à vida, mais beleza vejo no fluxo das coisas.
Nada é o que parece, uma frase que muitas vezes se ouve por aí. E se pensar bem, nada é mesmo o que parece.
As coisas que parecem limitações transformam-se em bênçãos. Aquilo que eu pensava ser o melhor para mim, não me trouxe qualquer evolução. O que parecia ser bastante desconfortável trouxe-me crescimento.
Então, porquê perder tempo a julgar as coisas e a tentar perceber o motivo por detrás dos acontecimentos?
Não seria bem mais inteligente confiar na vida e saber que serei sempre encaminhada para o melhor resultado possível?
Existe tanto para lá do que eu consigo ver e compreender. Mas se calhar o meu objetivo não deve ser ver e perceber, mas sim usufruir e criar, confiando e entregando ao Universo a forma de as coisas chegarem até mim.
Estou tão habituada a julgar as coisas por aquilo que parecem. Esqueço-me muitas vezes do quão limitada é a minha consciência. Esqueço-me também de confiar e de sair do meu próprio caminho.
Nunca sei o que poderá estar por detrás de um acontecimento e nem interessa. Não sei o que é melhor para mim… Estou constantemente a ser surpreendida pelos “milagres” da vida e pela forma fluída como as coisas acontecem.
Não estará na altura de me libertar da ilusão das aparências?
Tem sido uma prática diária não me deixar levar por aquilo que parece, porque eu sei que isso é apenas uma ilusão da minha mente.
Quanto menos pensar e julgar, melhor será a minha vida, porque em vez de analisar irei usufruir.
Quantos mal-entendidos criei pelo julgamento? Quantas vezes reagi àquilo que parecia em vez de agir consoante aquilo que era necessário?
Sempre que entro em jogos mentais e tento resolver problemas ou criar situações através deles, já me envolvi na teia e tudo aquilo que eu possa fazer já está “infetado” com a dúvida.
O “segredo” para isto é confiar e estar atenta a qualquer tipo de julgamento. Quanto mais cedo o fizer, mais cedo poderei usufruir realmente da vida.
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