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Onde estão as asas? – Reflexões Diárias

Esta reflexão é um pouco diferente do habitual. É quase como um conto, que conta a história de diversas situações da minha vida.

Aproximo-me do abismo. Respiro fundo e vislumbro a próxima etapa da jornada, situada na próxima montanha.

O que me separa do meu objetivo são apenas alguns metros, distância essa traduzida numa pequena caminhada feita no vazio. Sim no vazio, pois não existe nenhuma ponte, nenhum caminho, nenhum elo que faça uma ligação física ao sítio onde me quero dirigir.

Observo o que se encontra a meu redor, no cume desta montanha. Não há nada com que possa fazer uma ponte, apenas algumas coisas que aparentemente podem diminuir a distância.

Tento todas elas, mas nenhuma é suficiente. Nenhuma torna a minha viagem até à próxima montanha algo possível.

Procuro um atalho, uma forma diferente de alcançar o meu objetivo. Desço a montanha e procuro outros caminhos. Consigo chegar à base da outra montanha.

É muito ingreme para escalar, não existem nenhumas escadas. Gasto todas as minhas energias a tentar forçar a minha subida. Resisto, resmungo e reclamo.

Amaldiçoo a minha sorte e procuro uma montanha menos íngreme, menos alta, mais fácil. E encontro-a. Mas essa não parece suficiente. E a seguinte também não.

Decido então tentar novamente a primeira montanha. Continua tão alta, mas a distância não parece tão grande. Lembro-me das palavras de alguém sábio, que me foram ditas algures na procura de outras montanhas. “ Dá o primeiro passo e confia que tudo correrá da melhor forma”.

Hesitei. Medi a distância. Voltei a procurar outras soluções. Mas eu sabia que o caminho era por ali.

Fechei os olhos. Aproximei-me do abismo. Respirei fundo e dei o primeiro passo.

Então tudo fez sentido. O caminho não apareceu. Nem uma ponte. Mas cresceram-me asas, algo que nunca poderia imaginar.

Obrigado por este dia repleto de montanhas…

Até amanhã!

Ângela Barnabé 

Um novo final da história – Reflexões Diárias

Quando pensava no passado, naquilo que eu era e naquilo que eu sentia, ficava sempre tentada a responsabilizar os outros por aquilo que eu experienciava.

Se me sentia insegura era porque os outros me deitavam abaixo; se tinha uma baixa autoestima era porque os outros não me valorizavam; se me sentia infeliz era porque os outros não me traziam a felicidade.

Então criou-se o filme em que eu era a vítima e os outros os vilões. Não havia hipótese; o meu futuro estava nas mãos dos escritores da tragédia que era a minha vida e eu apenas me podia deixar levar, dizendo as falas e fazendo parte da teia predestinada a acontecer.

Mas, nos últimos dias tenho refletido bastante nisso, no facto de o poder ser ou não meu para alterar o guião e mudar a minha forma de vida.

Apesar de na altura eu não ter a consciência que tenho hoje, e de não saber que podia mudar da forma que mudei, eu pude sempre bater o pé e procurar novos atores. Claro que sem uma mudança real, ia girar o disco e tocar o mesmo.

Ainda assim, sempre fui de me conformar, de me deixar ir naquilo que ia surgindo, sem ter muita certeza do que andava para aqui a fazer. Comportava-me como se não houvesse escolha, como se eu fosse uma marionete nas mãos dos outros e a pouco e pouco foi isso no que me tornei.

Passei a duvidar de mim, de dar mais importância àquilo que os outros pensavam do que aquilo que eu queria e fui-me anulando até só restar uma imensa confusão.

Não estou a partilhar isto com o intuito de me lamentar, pois apenas sou o que sou hoje graças ao meu trajeto e apesar de muitas vezes não aceitar aquilo que sou, sei que apenas posso ser melhor se o fizer.

Mas, no tempo em que eu estive a queixar-me do rumo da narrativa, podia muito bem ter rasgado o guião, pegado na caneta e escrito a minha própria história.

Obrigado por este dia cheio de momentos para acrescentar à minha história.

Até amanhã!

Ângela Barnabé 

Porque é que eu não fui para a universidade?

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Esta pergunta é me feita com alguma frequência. É normalmente acompanhada de “Devias ir… Um curso dá sempre jeito”.

Começo por dizer que este artigo é com base na minha experiência e não pretendo tentar convencer ninguém de nada. Apenas pretendo, de certa forma, mostrar o que me levou a decidir dar um rumo diferente à minha vida.

A decisão de não ir para a universidade não foi tomada de ânimo leve, foi algo que tive que sentir. No fundo, apesar de todas as “explicações” possíveis, esta decisão foi tomada por intuição.

Sempre fui, e por vezes ainda sou, alguém racional e por vezes é difícil aceitar que as coisas correm realmente bem quando deixamos de pensar e passamos a sentir. Ainda que eu tente escrever as razões pelas quais fiz o que fiz, é difícil explicar algo que devemos sentir.  No entanto, vou tentar.

Sempre fui considerada uma boa aluna, bem-comportada; no fundo, o padrão de pessoas que sem sombra de dúvida vão para a universidade. Nunca fui grande amante dos estudos, mas sempre gostei de aprender coisas novas, algo em que a maioria das pessoas se identifica. O dinheiro não seria um problema no caso de ir para a universidade; bem como provavelmente ia conseguir ingressar no curso que eu queria na altura.

Mas, decidi não ir para a universidade.

Quando falava às pessoas que me conheciam que eu não ia para a universidade, elas achavam que eu estava a brincar e muitas vezes se riam, para momentos depois, após perceberem que eu estava a falar a sério, tentarem convencer-me que isso era má ideia.

Às vezes ainda lhes guardava mágoa e tentava convencê-los que eu tinha razão. Mas posso dizer-vos é inútil tentarmos convencer alguém de uma coisa. Surtiu tanto efeito as tentativas de convencer deles, como as minhas.

Sabem quando no fundo temos aquela sensação que o que é suposto nem sempre nos vai trazer felicidade?

Cheguei a um ponto da minha vida em que percebi que todas as metas que coloquei para mim estavam a ser alcançadas, mas mesmo assim eu não me sentia bem. Muito pelo contrário, sentia-me cada vez pior. Foi perceber que se o caminho não me trouxer satisfação, o resultado não servirá de nada.

Aquela pressão que sentia para ser aquilo e o outro, pois só assim seria alguém; aquela tentativa de me convencer a mim mesma que se não fosse para a universidade não teria emprego, já não me convencia.

Olhava à minha volta e via pessoas licenciadas a viverem num grande vazio existencial.

Não fiquei, no entanto, em casa sem fazer nada, nem arranjei um emprego apenas pelo dinheiro. Fui atrás de algo que eu acreditava; algo arriscado, que me dava medo, mas que me apaixonava.

Quando tomei a decisão de não ir para a universidade, achei que talvez um dia me arrependeria. Que iria olhar para trás e pensar: quem me dera ter ido. Mas isso, ao longo destes quatro anos nunca aconteceu.

Hoje, estou a criar um projeto que me apaixona, após 4 anos de experiência e aprendizagem.

Pode haver quem acredite que a universidade dê uma vida melhor, mas eu não acreditava e ainda hoje não acredito isso.

Por isso, a única coisa que vos posso dizer é que façam aquilo que realmente acreditam. Sem medo, abram-se ao entusiasmo e à possibilidade de viverem a vida dos vossos sonhos.

Comigo resultou!

Ângela Barnabé

 

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