Eu usava máscaras para que gostassem de mim, mas agora vejo que também o fazia para me proteger.
O mundo era um lugar perigoso e por isso tinha que me proteger. Partilhar os meus pensamentos, os meus medos e tudo mais era equivalente a expor as minhas fraquezas e isso poderia ser usado contra mim.
Vivia uma mentira, sempre a filtrar aquilo que dizia, para não falar demasiado. Lembro-me de cada vez que partilhava algo mais “profundo” ficava sempre com medo que o portador do meu “segredo” usasse isso para me prejudicar.
Muitas vezes ficava sem saber quem eu era, de tanta máscara, de tanta ilusão.
Hoje, consigo ver a importância de ser transparente.
Não falo da transparência fingida, aquela que eu muitas vezes usei para chamar à atenção, em que partilhava ideias estúpidas para que achassem que que estava a ser honesta e quem sabe ficassem com uma ideia diferente de mim.
Falo de uma transparência para comigo mesma, sobre aquilo que eu acredito, sobre aquilo que eu penso e sinto.
Escrever estes textos tem-me ajudado muito nesse sentido e sinto-me como uma cebola, sempre a descascar camadas. Quanto mais camadas tiro, mais coisas descubro acerca de mim e é mais fácil ver o porquê de determinadas coisas na minha vida.
Não é ver o porquê de determinados comportamentos, mas sim de determinados resultados.
Como é que eu podia querer honestidade de quem me rodeava se eu não era honesta? Como é que eu podia querer que me amassem verdadeiramente se eu escondia a verdade por detrás de todas aquelas camadas?
Ainda hoje não sei quem eu sou verdadeiramente, pois ainda sinto que existem cá muitas camadas a serem descascadas. Mas sei de certeza que estou num bom caminho, pois cada vez me sinto melhor com todas as camadas que já descasquei.
Obrigado por este dia repleto de “camadas”!
Até amanhã!
Ângela Barnabé