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um mundo de máscaras

Um dos primeiros artigos que eu escrevi, há cerca de seis anos, foi inspirado por esta reflexão: “Será que ao longo da nossa vida nós mostramos o nosso verdadeiro eu, ou nos limitamos a apresentar um conjunto infinito de máscaras?”.

Na altura isso fez-me refletir sobre vários aspetos da minha vida, nomeadamente sobre a falta de genuinidade na forma de me relacionar com os outros e sobre a minha constante vontade em agradar e fazer com que gostassem de mim.

Hoje, passado tanto tempo esta reflexão continua atual e talvez possa levar as coisas um pouco mais longe.

Em cada aspeto da minha vida que eu sinto que tenha que trabalhar, se “espremer” bem o seu conteúdo, identifico que a raiz está sempre na autoestima. Seja o não confiar na vida, seja insegurança ou medo de não ser capaz, seja a procura que gostem de mim e me valorizem, a baixa autoestima está lá, a fazer o seu “trabalho”.

Então toda esta questão das máscaras e de fingir ser e sentir algo que não é verdadeiro, está diretamente ligada à relação que tenho comigo mesma, ou seja, à minha autoestima.

Eu não utilizava máscaras apenas para enganar os outros, usava-as também para me tentar enganar a mim mesma.

Quantas vezes me sentia ansiosa e tentava preencher-me com algo para fazer parecer que estava tudo bem?

Quantas vezes olhei ao meu redor e vi coisas que não me agradavam na minha vida e escolhi ignorar pondo as “lentes cor-de-rosa” e fingindo que nada daquilo estava a acontecer?

Em quantos momentos diferentes me senti prestes a desabar, tropecei naquilo que estava a adiar, caí e levantei-me como se nada fosse?

Onde é que eu quero chegar com tudo isto?

O meu processo de mudança tem sido um caminho bastante interessante de se percorrer. Tive deixar de lado todos os romantismos e as picuinhices e fui “confrontada” com coisas que tapei com máscaras para que eu nem sequer tivesse que olhar para elas.

Ao contrário daquilo que eu me tentei convencer, fingir que algo não me está a incomodar ou adiar algo que sei que tenho que fazer não vai fazer com que as coisas desapareçam. Aquilo do qual eu fujo apenas vai crescendo e se tornando cada vez maior.

Nunca poderei sair do mundo das máscaras e do faz de conta enquanto me quiser enganar e fugir de mim.

Há vários sentimentos que eu queria fugir ao sentir, diversos momentos que eu queria manter escondidos pela vergonha que me causaram. Ainda existem aspetos da minha personalidade que eu não consegui amar e portanto tenho medo que os outros também não amem.

Mas terei que passar por todo este processo. Terei que sentir tudo aquilo ao qual fugi para me puder libertar. Terei que trazer à luz aquilo que está escondido na escuridão, tapado por máscaras, para que possa ser visto por outras “lentes”.

Enquanto não me amar a mim mesma ( enquanto não trabalhar a minha autoestima), a minha vida será sempre composta por máscaras e viverei alheada da realidade, num mundo faz de conta.

E será que hoje não estou melhor que há seis anos atrás?

Sem dúvida que hoje me sinto incomparavelmente melhor do que me sentia quando escrevi a primeira reflexão sobre este tema. Tenho a agradecer a todo o trajeto que passei e todas as pessoas que fizeram parte dele, por me encontrar no lugar onde estou.

Mas o estar melhor não é suficiente, quando está em jogo o viver de uma vida plena e realizada, liberta de preconceitos e de coisas que não valem a pena.

Claro que eu sei que tudo faz parte de um processo e que quanto mais caminho, mais próxima estou perto de lá chegar. Mas não me posso iludir e pôr uma máscara achando que é suficiente.  

A vida é um manancial de oportunidades e de certeza que não estamos cá neste planeta para nos contentarmos e vivermos num mundo de faz de conta, enquanto atrás das máscaras está um paraíso à nossa espera.

Ângela Barnabé

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