
Uma das minhas preocupações desde que eu me lembro é o sentimento de inadequação que sentia constantemente. Fosse em casa ou na escola, na infância e adolescência ou na minha vida profissional e pessoal, já em adulta, o sentir que não fazia parte, a necessidade de tentar adaptar-me para me sentir bem e para que gostassem de mim, acompanhava-me sempre.
Esta semana estava a refletir sobre a relação que tenho atualmente comigo mesma e cheguei à conclusão de que nunca me senti tão bem. E perguntei-me? O que é que eu fiz para que ocorresse toda esta transformação? Correndo o risco de ser um pouco cliché, afirmo que a cada dia que passa sou cada vez mais genuína comigo mesma.
Isto é o resultado de todo um trabalho realizado ao longo de quase 12 anos de transformação. Não foi algo que aconteceu de um dia para outro e se eu pudesse falar com o meu “eu” do passado e lhe pudesse dar algumas sugestões baseadas na minha experiência e no que sei hoje, dir-lhe-ia que é mais importante aquilo que sinto em relação a mim do que o que os outros pensam de mim. Eu sei que a minha tendência sempre foi querer agradar e muitas vezes fingir ser o que não sou para que gostem de mim. Mas se for genuína com aquilo que sou, encontrarei quem gosta realmente de mim. E mais importante do que isso, eu gostarei genuinamente de mim em todos os momentos e sentir-me-ei sempre a fazer parte. Citando um slogan, que penso ser da Matinal: “Se eu não gostar de mim, quem gostará?”.
Aliás, sempre que alguém demonstrava afeto e carinho por mim, eu sentia-me uma fraude, ou porque aquilo que eu demonstrava não era genuíno, ou porque, uma vez que não gostava de mim, não me sentia merecedora de qualquer tipo de amor.
Não quero com isto dizer que não tenho momentos em que todas estas tendências vêm à tona e que me sinto novamente em resistência àquilo que sou. Mas, a cada dia que passa, torna-se cada vez mais natural o bem-estar.
Só temos esta vida para viver e a escolha de nos sentirmos bem está nas nossas mãos. Às vezes a decisão de ficarmos bem connosco leva a mudanças radicais e a um grande caos (é algo que eu própria experienciei). Mas, no final tudo se encaixa e tudo faz sentido.
Ângela


